Por Sergio Goncalves
LISBOA, 17 Nov (Reuters) - A empresária Isabel dos Santos, demitida anteontem de presidente da estatal angolana Sonangol, disse que deixou um financiamento de 2.000 milhões de dólares (MD) pronto para ser assinado nos próximos dias, permitindo à 'oil & gas' pagar todos os 'cash calls' de 2017 e saldar as dívidas aos parceiros petrolíferos.
Num comunicado enviado à Reuters, a multi-milionária filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos lembrou que "em Dezembro de 2015 a Sonangol, pela primeira vez na sua história, não tinha conseguido cumprir com as suas obrigações junto da banca, tinha dívidas com os fornecedores e pesadas 'cash calls'.
Afirmou que, "em Junho de 2016 a petrolífera encontrava-se num estado de emergência e, conforme referia Francisco Lemos, então Presidente do Conselho de Administração, esta empresa nacional encontrava-se numa situação de pré-falência".
Adiantou que a administração cessante pagou os 'cash calls' de 2016 na sua totalidade, aos parceiros petrolíferos operadores de blocos em que é associada, reduziu a dívida financeira de 13.000 MD para 7.000 MD e aumentou as receitas de 14.800 MD em 2016, para 15.600 MD em 2017.
"Deixamos ainda à nova administração, como instrumento essencial para a sua gestão, um financiamento no valor de 2.000 MD, com assinatura prevista para os próximos dias, que garantirá o pagamento de todos os cash calls relativos a 2017, permitindo, assim, chegar ao final do ano sem dívidas aos nossos parceiros", afirmou.
Adiantou que "a administração cessante garante ao Executivo as condições financeiras necessárias para a manutenção patrimonial da Sonangol, abrindo garantias de continuidade e de crescimento para o futuro".
Em junho de 2016, o ex-presidente José Eduardo dos Santos, que governou Angola por 38 anos até Setembro último, tinha nomeado a sua filha mais velha para presidente do conselho de administração da Sonangol, com a tarefa de a reestruturar.
Esta nomeação foi contestada pela oposição política e 12 advogados angolanos interpuseram uma acção contra o presidente, que foi indeferida pelo Tribunal Supremo de Angola.
Mas, o recém-eleito presidente angolano, João Lourenço, exonerou anteontem Isabel dos Santos do cargo de presidente da Sonangol, substituindo-a por Carlos Saturnino, que era o secretário de Estado do Petróleo.
Carlos Saturnino é um veterano do sector de petróleo e tinha sido demitido da Sonangol por Isabel dos Santos no ano passado.
O novo presidente da Angola ordenou também ao Ministério da Comunicação Social a retirada da gestão do segundo canal da Televisão Pública de Angola (TPA) à empresa Semba Comunicação, de outros dois filhos de José Eduardo dos Santos, apesar deste ser o presidente do MPLA, o partido do Governo.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo de África, atrás da Nigéria, com 1,6 milhões de barris de petróleo, que representa mais de 95 pct nas exportações angolanas.
(Por Sérgio Gonçalves,; Editado por Daniel Alvarenga)