Por Sergio Goncalves
LISBOA, 29 Mai (Reuters) - O sistema financeiro de Portugal teve "melhorias significativas" no último ano com uma forte descida do crédito malparado, mas é preciso um esforço adicional para fortalecer a rentabilidade dos bancos portugueses, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Adiantou que os rácios de capital aumentaram, enquanto o stock de crédito vencido (NPL) diminuiu mais de 13 mil milhões de euros (ME) desde o seu pico em meados de 2016, descendo o rácio de crédito malparado para 13,3 por cento no final de 2017, abaixo do seu pico de 17,9 pct.
No relatório, após a visita a Lisboa em Maio, o FMI afirmou que "esse ritmo é consistente com o cumprimento ou a superação dos objectivos de redução do malparado".
"O ano passado viu melhorias significativas na estabilidade financeira (em Portugal) (...) A perspetiva de curto prazo da Portugal permanece favorável, embora os riscos externos tenham aumentado ultimamente", afirmou.
Vincou que, "após o forte resultado em 2017, as metas orçamentais para 2018 parecem viáveis, enquanto a estabilidade e a confiança no sistema bancário melhoraram".
"Embora esses resultados sejam encorajadores, é necessário um progresso adicional para fortalecer a rentabilidade dos bancos", adiantou o FMI.
Explicou que isso ajudará os bancos "a absorver custos adicionais que possam surgir do MREL (requisitos mínimos de fundos próprios) e fornecer suporte à economia".
"Além disso, os supervisores devem continuar a incentivar os bancos a fortalecer ainda mais a sua governação corporativa e gestão de risco, enquanto perseveram nas suas estratégias de redução de custos e redução de NPL (non performing loans) para gerar capital interno", frisou o FMI.
Embora o crescimento dos agregados de crédito ainda seja negativo, o fluxo de novos créditos fortaleceu-se, disse.
Acrescentou que a tendência para condições cada vez mais favoráveis no crédito à habitação e ao consumo "levou o Banco de Portugal a tomar medidas macroprudenciais atempadas".
"O aumento dos preços das casas deve continuar a ser monitorizado, dada a importância das hipotecas nas carteiras de empréstimos dos bancos", afirmou.
O Fundo destacou que "Portugal registou progressos significativos na consolidação orçamental em 2017, ajudado pela execução orçamental disciplinada e a meta para o défice para 2018 parece alcançável".
Lembrou que o défice orçamental global - excluindo a recapitalização da CGD - fechou bem abaixo do objectivo oficial em 2017 "graças à economia forte e ao saldo primário estrutural em excedente pelo sexto ano consecutivo - na verdade, 0,4 por cento do PIB superior ao de 2016".
Tal permitiu ao governo absorver o custo de recapitalização da CGD, mantendo o défice nominal, medido pelas regras do Eurostat, dentro do tectp de 3 pct do PIB do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Em 2017, o défice português, retirando a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, fixou em 0,92 pct - o nível mais baixo em mais de 40 anos de democracia, pelo segundo ano seguido.
"Para 2018, a continuação do foco no controle de despesas e o momentum cíclico contínuo na economia tornam viável a consecução da meta de déficit de 0,7 pct do PIB", afirmou.
"O forte desempenho orçamental gerou repercussões importantes na economia, como spreads de risco-país mais baixos, que tendem a beneficiar a maioria dos tomadores de empréstimos".
(Por Sérgio Gonçalves Editado por Patrícia Vicente Rua)