* Lucro cai 44 pct 1ro sem 2017, pior que previsto
* CTT (LS:CTT) olham efeito aumento preços correio, 'breakeven' Tourline
* Subida custos 1ro Sem 2017 supera aumento receitas
* Analistas duvidam capacidade CTT estabilizar EBITDA 2017
Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 1 Ago (Reuters) - A gestão dos CTT CTT.LS projectou melhorias em todos os segmentos de negócio na segunda metade de 2017, reiterando o 'guidance' de receitas para o ano, apesar dos desapontantes resultados do primeiro semestre, que provocaram um tombo de 8 pct das acções.
Os títulos do operador postal caem 5 pct para 5,15 euros, tendo chegado a afundar 8 pct para um mínimo desde Abril, após resultados aquém do esperado do primeiro semestre, em que o lucro tombou 44 pct para 17,7 milhões de euros (ME). termos de pressão no declínio do correio. Vemos um declínio nos clientes do dia-a-dia. Isso está nos dados. Contudo temos o efeito de 'mix' (de preços). A pressão está lá, sabemos a direcção", disse o Chief Executive Officer, Francisco Lacerda, numa 'conference call' com analistas.
Contudo, numa apresentação, a empresa mostrou confiança que nos próximos trimestres será capaz de contrariar a pressão do declínio estrutural do correio e do impacto negativo da instalação do Banco CTT.
Indicou que o Banco CTT está em curso para atingir o 'guidance' de receitas 'high single digit' entre 7 e 8 ME no conjunto de 2017. No primeiro semestre encaixaram 3,5 ME de receitas.
Para a segunda metade de 2017, os CTT disseram que a comparação deverá ser mais favorável devido "um aumento efectivo de 2,5 pct dos preços (de correio), o projectado 'break even' de EBITDA da Tourline no quarto trimestre, e o crescimento da oferta de crédito a habitação recentemente lançado".
O EBITDA consiste no lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações.
A empresa explicou que o declínio das receitas de correio foi primariamente devido à suspensão temporária das vendas de lotaria na rede de retalho, com um impacto negativo de 2 ME.
"Os volumes de correio endereçado declinaram 7,6 pct no segundo trimestre, acelerando devido ao impacto da Páscoa no trimestre, mas deverá conformar-se ao 'range' de 'guidance' na segunda metade de 2017", indicaram os CTT, numa apresentação.
No início deste ano, o operador postal disse que previa uma "pequena subida das receitas" em 2017, dando como 'guidance' um EBITDA recorrente estável e antevendo o 'break even' da unidade espanhola Tourline no quarto trimestre.
"O 'expresso & parcelas' deverá ser o maior 'driver' do crescimento das receitas, vindo de fortes volumes de parcelas em Portugal e Espanha na aquisição da Transporta", referiu a empresa, numa apresentação divulgada hoje.
ANALISTAS DUVIDAM
O Caixa Banco de Investimento disse que o 'guidance' dos CTT de EBITDA recorrente estável em 2017 está "em dificuldades", após resultados de rentabilidade fraca e pressão no segmento 'core' de correio. resultados desiludiram. É uma acção que vive muito da atracção do dividendo e estes números vão naturalmente pressioná-lo", referiu Paulo Rosa, trader da GoBulling no Porto.
"Vemos pressão no correio, a perspectiva do Estado cortar nos custos postais também continuará a penalizar e o 'breakeven' do Banco CTT ainda está longe, pois o banco tem bastantes custos. Os produtos de dívida do Estado ainda são a maior bengala positiva".
Os analistas do BPI, Bruno Silva e Filipe Leite, disseram numa nota que os resultados do segundo trimestre "tornam mais difícil aos CTT atingirem o seu 'guidance' do ano".
CUSTOS AGRAVAM
O aumento de custos operacionais foi causado principalmente pelo Banco CTT, pela integração da unidade de expresso & parcelas em Espanha, a Transporta, e por um aumento de custos variáveis devido ao crescimento de volumes, explicou a empresa.
Os custos recorrentes aumentaram 4,4 pct, ou 12,6 ME, para 299,5 ME, enquanto as receitas expandiram apenas 0,8 pct ou 2,8 ME para 352 ME.
Quanto ao Banco CTT, a empresa indicou que a oferta de retalho está agora completa, estando o foco na expansão da base de clientes e das ofertas de produtos, sublinhando o aumento de 67 pct dos depósitos de clientes para 424 ME e que o número de contas à ordem aumentou de 20.200 há um ano atrás para 147.400.
(Editado por Sérgio Goncalves)