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Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 15 Mar (Reuters) - O lucro da gestora de redes energéticas nacionais REN RENE.LS cresceu 26 pct para 126 milhões de euros (ME) em 2017, apoiado numa melhoria dos resultados financeiros e na contribuição positiva operacional das aquisições da Portgás e Naturgás.
O EBITDA-lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações aumentou 2,4 pct para 488 ME.
O RAB-'regulatory asset base' médio subiu 11 pct para 3.924,7 ME em 2017 vs 3.537,1 ME em 2016
"Em termos operacionais o ano de 2017 correu bastante bem. No consumo não houve uma variação muito significativa face aos anos anteriores: ficou à volta dos 50 terawatts hora de energia", afirmou João Conceição, administrador da REN, em conferência de imprensa.
"Tivemos parte do ano em exportação, atingimos alguns recordes em termos de pontas, quer de produção e nalgumas tecnologias".
A dívida líquida aumentou 11 pct para 2.756 ME.
O capex desceu 9 pct para 156 ME.
A REN adiantou que está a preparar o seu novo plano estratégico para o período 2018-2021, a apresentar num ‘capital markets day'em Maio.
O ‘board' propôs um dividendo de 17,1 cêntimos por acção, igual ao do ano anterior.
"Continuamos a ser penalizados pelo tema da CESE-'contribuição extraordinária sobre o sector da energia' e onde é público estamos em tribunal com o Estado. Continuamos a achar que temos razão na matéria e vamos ver o que os tribunais vão decidir", disse o CEO da REN, Rodrigo Costa.
A CESE penalizou os resultados líquidos em 26 ME, cujo pagamento total a 'utility' continua a fazer. A taxa efectiva de impostos situou-se nos 38,4 pct.
"Um pagamento de impostos razoável”, disse o CFO, Gonçalo Morais Soares.
O CEO Rodrigo Costa frisou que é o quarto ano que a REN paga a CESE. "Achamos que o imposto é completamente desproporcional para nós. O impacto é muitíssimo grande", vincou.
"Com franqueza, temos esperança que alguma coisa aconteça e nos venham a dar razão. São vários processos. No processo mais adiantado estamos agora à espera do tribunal constitucional".
A empresa destacou o contributo dos activos de gás adquiridos ao longo do ano.
SEGURANÇA ENERGÉTICA
João Conceição frisou que a REN está a trabalhar com o Estado português, através da Agência Portuguesa do Ambiente, para encontrar uma solução quanto ao traçado das interligações de gás natural com Espanha, que conecte Portugal de forma eficaz com a rede europeia.
"Tem tido bastante interesse da Comissão Europeia que está fortemente empenhada no desenvolvimento das interligacoes, quer de gás quer de electriciadade", afirmou o administrador da REN.
"Além da questão de segurança de abastecimento, há também a da perspectiva concorrencial, que tem que estar a funcionar (a nível europeu)".
O CEO da REN Rodrigo Costa disse que a importância da integração das redes energéticas europeias é já óbvia.
"França teve grande necessidade de energia eléctrica, com ligação a Espanha já conseguiu ter um grande volume de energia de lá. Indirectamente somos nós que abastecemos, transmitimos para Espanha, que abastece França", explicou.
"A segurança de abastecimento não tem preço. Estamos totalmente integrados em Portugal com Espanha na electricidade. No gás, estamos a caminhar para isso, ambiciona-se que possa ser estendido nomeadamente até Marrocos".
Acrescentou ainda que há questões geopolíticias em jogo.
"Alguns temas não são filosóficos mas são políticos. Quanto mais as renováveis crescerem mais importante vai ser pensar como funacionamos quando não há vento e não há agua", frisou Rodrigo Costa. "A única forma de armazenar energia de forma eficaz são as barragens, mas estas também falham".
(Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)