(Acrescenta citações ceo, informação)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 6 Mar (Reuters) - O Millennium bcp BCP.LS teve um lucro líquido consolidado de 23,9 milhões de euros (ME) em 2016, face ao lucro de 235 ME em 2015, apesar do aumento da margem financeira, pois o maior banco privado de Portugal continuou a limpar o Balanço e reconheceu fortíssimas imparidades.
As imparidades de crédito dispararam 63,4 pct em termos homólogos para um 'recorde' de 1.598 ME em 2016, com o custo do risco em 216 pontos base (pb), de 150 pb no período homólogo, tendo o CEO Nuno Amado frisado: "acreditamos que já passou o pior em imparidades".
A margem financeira - diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos - subiu 3,3 pct para 1.230 ME.
Em 9 de Fevereiro de 2017, o Millennium bcp concluiu com sucesso um forte 'cash call' de 1.330 ME, que lhe permitiu pagar a última tranche de 700 milhões de euros (ME) da ajuda pública (Coco's), que tem pesado muito na margem financeira.
"A evolução do banco é muitíssimo favorável e muito consistente. Não obstante as imparidades muito fortes de 1.600 ME", disse o Chief Executive Officer (CEO) Nuno Amado em conferência de imprensa.
Adiantou que "o resultado no ano foi marginalmente positivo, mas com um resultado no quarto trimestre melhor do que nos trimestres anteriores e há uma redução clara dos 'non performing exposures' (MPE)".
"O resultado operacional antes de imparidades e de itens não habituais aumentou de 590,9 ME em 2013 para 1.024,8 ME - o melhor de sempre", afirmou Nuno Amado, frisando: "estamos a trabalhar e a caminhar para uma operação lucrativa, como tem de ser, com capacidade recorrente de gerar resultados operacionais superiores a 1.000 ME ao ano".
"Vemos 2017 como um ano de transição - e positivo - de 2016 para 2018", disse o CEO do Millennium bcp, cujo Return on Equity (ROE) se situou em 0,6 pct em 2016, contra 5,3 pct em 2015, e cujo objectivo é alcançar um nível superior a 10 pct em 2018.
Realçou que o banco está focado nos objectivos para 2018, "na disciplina, na margem, no corte de custos e na redução do NPes, assim como em recuperar o crescimento do banco em sgmentos que acha cruciais".
Quanto ao retorno ao pagamento de dividendos, disse que é uma questão que se colocará após o banco cumprir os objectivos de 2018.
REDUZ EXPOSIÇÕES
Adiantou que os NPEs em Portugal desceram para 8,5 mil ME em dezembro de 2016, contra 9.777 ME em dezembro de 2015, "com ritmo muito elevado de redução desde 2013: média de 1,4 mil ME".
"E houve um reforço da cobertura total dos NPEs para 100 pct e por provisões para 39 pct (contra 23 pct no final de 2013), suportando o objetivo de ter um nível de NPEs inferior a 7,5 mil ME em dezembro de 2017", afirmou o CEO.
"Em 2016, o banco fez o maior nivel de imparidades da sua história", disse o CEO, explicando que tal se deveu ao facto de ter clientes expostos a sectores como o da construção - muito afectados pela crise - e há uma exigencia de coberturas para o NPEs.
Mas, lembrou que há uma herança pesada do passado, referindo: "o fundamental é perceber que mais de 90 pct da imparidade criada este e nos últimos anos tem a ver com operações de crédito que estavam no banco antes de 2010".
CAPITAL FORTE
O rácio 'Common Equity Tier 1' (CET) 'phased in' do banco fixou-se em 12,8 pct após o recente aumento de capital e o pagamento dos Coco's.
Após o recente aumento de capital, a chinesa Fosun 0656.HK reforçou a sua posição de maior accionista do Millennium bcp e passou a deter cerca de 24 pct do capital, seguido da 'oil' estatal angolana Sonangol com 14,9 pct.
"O banco estÁ numa situação patrimonial reforçada em termos de capital e o pagamento dos Cocos devolveu a independencia estratégica do BCP", disse Nuno Amado.
O Millennium bcp, à luz deste aumento de capital, prevê um 'return on equity' de cerca de 10 pct em 2018, ano em que vê um potencial regresso à distribuição de dividendos com um 'pay out ratio' igual ou superior a 40 pct.
O Millennium bcp já tinha anunciado que o polaco Millennium MILP.WA - maior subsidiária externa - tinha tido um lucro líquido de 701 milhões de zlotys ou 160,3 ME em 2016, um aumento de 28,3 pct face a 2015, "o valor mais elevado na história do banco".
O CEO sublinhou que houve a manutenção da tendência de melhoria da eficiência operacional, traduzida na diminuição de 3 pontos percentuais do rácio cost-to-core income, excluindo itens não habituais, de 54,6 pct em 2015 para 51,5 pct em 2016.
Também continuou a "melhoria do gap comercial, com o rácio de crédito líquido em percentagem do total de recursos de clientes de balanço a situar-se em 95 pct".
Afirmou que houve a redução da utilização de financiamento líquido do BCE para 4,4 mil ME, face aos 5,3 mil ME em 2015.
(Por Sérgio Gonçalves)