Por Sergio Goncalves e Axel Bugge
LISBOA, 5 Nov (Reuters) - Lisboa vive um momento de inovação tecnológica "vibrante" e foi a escolha certa para basear o Web Summit depois de Portugal superar a crise da dívida e a capital passar por um "renascimento" como cidade de 'startups', disse Paddy Cosgrave, fundador da conferência.
Em Outubro último, o Governo português e Paddy Cosgrave assinaram um acordo para que o maior evento 'tech' da Europa permaneça em Lisboa por mais 10 anos, dando um grande impulso às aspirações de Portugal de se tornar um centro tecnológico.
Como parte do acordo, o Web Summit vai receber 11 milhões de euros (ME), por ano, de Portugal.
"Esta é uma cidade (Lisboa) que está a passar por um renascimento, é uma cidade de 'startups', ou está ser reiniciada como cidade e como país (de 'startups')", disse Paddy Cosgrave, fundador do Web Summit, à Reuters.
"Há uma grande vibração (...) no final, pensamos que o Web Summit se encaixa perfeitamente com Lisboa".
Paddy Cosgrave recordou que a BMW (DE:BMWG), a Mercedes, e a Google (NASDAQ:GOOGL) escolheram o país "porque agora há uma enorme quantidade de talentos aqui e essa é uma óptima oportunidade para Portugal".
"Eu vejo muitos mais (a escolherem o país)", disse.
ESCALAR OPERAÇÕES
Adiantou que "a certeza de ter uma casa por 10 anos permite planear, investir nas pessoas e no produto", frisando: "estamos ansiosos em intensificar a evolução do Web Summit. Vamos ter certeza pela primeira vez (...) isso é muito importante para qualquer negócio".
"Actualmente, estamos à procura de um escritório para 100 pessoas. Nos próximos 2 anos, vamos 'escalar' as nossas operações massivamente", acrescentou o fundador do Web Summit.
Portugal fez uma grande jogada quando o Web Summit se mudou de Dublin para Lisboa em 2016, colocando a capital portuguesa no mapa, impulsionando o boom turístico e atraindo empresas 'tech', o que ajudou à recuperação após a crise da dívida de 2011-2014.
O contrato original do Web Summit previa um período de permanência de apenas três anos em Lisboa e os seus organizadores avaliaram mudar-se para outros locais na Europa, antes de decidirem ficar.
"Eu acho que Portugal e Lisboa são lugares maravilhosos. Nós viemos para aqui há 3 anos e acho que muita gente duvidou da nossa decisão na altura", afirmou Paddy Cosgrave.
Adiantou que "muitas pessoas questionaram por que não outro lugar no norte da Europa, como Londres, Berlim ou Paris (...) mas tomámos uma decisão que acabou por ser a decisão certa".
Afirmou que "Portugal passou por uma década sombria a ser 'machucado', como a Irlanda", referindo-se aos duros anos de resgate durante a crise das dívidas soberanas.
LONGO CAMINHO
Realçou que, entretanto, o país "percorreu um longo caminho", recordando que há algumas semanas atrás, o primeiro unicórnio português - a Farfetch - foi admitido à cotação em Wall Street.
"Acontece que não é o único (unicórnio). Há também a Outsystems, a Feedzai e a Talkdesk", disse.
O surgimento destas empresas fará com que o crescimento da economia digital em Portugal seja mais sustentável, referindo que muitos empreendedores alemães estão a escolher Lisboa depois de terem lançado suas primeiras startups em Berlim.
"Vê-se uma onda de empresários de segunda geração a vir aqui porque muito do que se tinha em Berlim se tem aqui, além do tempo ser muito melhor", acrescentou.
Cosgrave agora expandiu maciçamente a conferência, com cerca de 70.000 pessoas a participarem, não só empreendedores e investidores, mas também políticos e líderes globais.
O Governo estima que o evento em si gere 300 milhões de euros (ME) para Lisboa em receitas de hoteleira e outras durante esta semana do Web Summit, que se realiza nos pavilhões construídos para a Feira Mundial de 1998.
(Escrito por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)