Por Sergio Goncalves
LISBOA, 9 Mar (Reuters) - O governador do Banco de Portugal (BP) está confiante na venda do 'good bank' Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, que poderá ser um "accionista forte", disse o próprio Carlos Costa em entrevista ao Público.
A 20 de Fevereiro, o BP anunciou que decidiu selecionar o potencial investidor Lone Star para uma fase definitiva de negociações, em condições de exclusividade, com vista à finalização dos termos em que poderá realizar-se a venda da participação do Fundo de Resolução no Novo Banco. entrevista Carlos Costa frisou: "o mandato do BdP é muito claro, é estudar a operação de venda do banco de transição, cabendo sempre ao agente político - Governo - saber se a proposta e a recomendação que fazemos é aceitável ou não".
"Estou confiante que sim, o primeiro-ministro também disse que sim. Seria muito bom para a estabilidade do sistema financeiro que a operação se concretizasse", disse Carlos Costa, quando perguntado se considerava que era desta que a venda se fazia.
"Por três razões: não é possível manter um banco de transição indefinidamente - há prazos; porque é um banco crítico para o financiamento de pequenas e médias empresas; e porque seria uma pedra muito importante para a estabilização do sistema financeiro", acrescentou.
A 7 de Março, o ministro das Finanças Mário Centeno disse que o processo de venda do Novo Banco entrou numa fase crucial e deverá ser concluído nas próximas semanas, estando as negociações exclusivas com a Lone Star a envolver não só o Banco Central Europeu (BCE) mas também a intervenção de outros actores como o Governo.
A Lone Star tem vincado que está empenhada em chegar a um acordo final, referindo que o seu plano estratégico para o Novo Banco inclui a manutenção do foco central da sua atividade no atendimento da sua base de clientes em Portugal, com particular destaque para o segmento empresarial.
Nesta fase, as negociações com a Lone Star envolvem o BCE, o Governo e a Direcção Geral de Concorrência europeia (DGComp).
Na entrevista, o governador lembrou que a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) está "em vias de ser recapitalizada, o que é um facto muito positivo, temos o Millennium recapitalizado e com capacidade para limpar o seu balanço, o que é muito positivo".
Adiantou que o BPI também está "endossado a um accionista que tem capacidade para lhe dar todo o suporte, o que é muito positivo", referindo-se ao recente sucesso do 'takeover' lançado pelo espanhol Caixabank.
ACCIONISTA FORTE
"Se tivermos a seguir o Novo Banco com um accionista forte, que além disso assegura diversidade do ponto de vista de origem dos capitais, que assume um plano de negócios consistente com o financiamento da economia e com a estabilidade financeira", afirmou Carlos Costa.
"E se depois, em cima disso, conseguirmos (como estamos a conseguir) que a Caixa Económica ( Montepio (LS:MPIO)) se revele uma entidade forte, estamos com um plano de estabilização do sistema financeiro em plena marcha", acrescentou.
A 'private equity' Lone Star é um fundo norte-americano que, desde que estabeleceu o primeiro fundo pela mão de John Grayken em 1995, organizou 17 fundos 'private equity' com compromissos agregados de capital superiores a 70.000 milhões de dólares.
No âmbito da resolução do colapsado Banco Espírito Santo (BES), em Agosto de 2014, foram injectados 4.900 milhões de euros (ME) no capital do 'good bank' Novo Banco, tendo o Tesouro concedido um empréstimo de 3.900 ME ao Fundo de Resolução.
A 20 de Fevereiro, acerca da possibilidade da Lone Star comprar uma parcela de controlo e não a totalidade do capital do novo Banco, o ministro das Finanças disse: "é uma matéria que está no contexto negocial, estamos a evoluir de forma positiva".
O Governo rejeita dar qualquer garantia ao comprador do Novo Banco.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)