Por Sergio Goncalves
LISBOA, 28 Out (Reuters) - O Grupo José de Mello e o fundo Arcus colocaram à venda 80% dos direitos de voto da maior operadora de auto-estradas portuguesa Brisa, querendo cada um vender 40%, disse fonte oficial do grupo português.
Em Junho, três fontes com conhecimento do assunto disseram à Reuters que, pelo menos, a francesa Ardian e as australianas Macquarie e IFM figuravam entre os investidores em infra-estruturas que estavam a preparar ofertas para a Brisa, bem como a operadora espanhola GlobalVia, que visava o controle total.
Estas fontes adiantaram então que a transacção pode avaliar a Brisa entre 4.000 e 5.000 milhões de euros (ME), incluindo dívida. Grupo José de Mello confirma que decidiu alienar parte da sua participação na Brisa, conjuntamente com o seu actual parceiro, o fundo Arcus", disse fonte oficial do Grupo José de Mello.
"Será a venda de dois blocos accionistas, representativos, cada um, de cerca de 40% dos direitos de voto", adiantou.
Directa e indirectamente, o Grupo José de Mello tem 57,3% dos direitos de voto da Brisa, enquanto a Arcus tem 40%.
Uma fonte próxima do processo disse que, "desde o início da semana passada, os bancos já começaram a contactar muitos potenciais investidores interessados".
"A venda deverá ser concluída no decurso do primeiro semestre de 2020", afirmou esta fonte.
O Grupo José de Mello está a ser assessorado pela Rothschild e pelo Caixa banco de investimento, enquanto os assessores da Arcus são o Morgan Stanley (NYSE:MS) e o Millennium bcp investment banking.
"Há dois tipos de potenciais investidores: uns têm um perfil financeiro - fundos de pensões, seguradoras e fundos de infraestruturas; outros são investidores estratégicos, ou seja são operadores de infra-estruturas", disse a fonte.
Adiantou que a Brisa é um activo apetecível pois tem tido boa performance, as taxas de juro estão baixas, há excesso de liquidez em muitos investidores internacionais e há escassez de bons investimentos deste sector no mundo e há estabilidade política em Portugal.
Afirmou que o Grupo José de Mello, ao ficar com pouco menos de 20% da Brisa, visa ser um accionista de referência e parceiro local.
"Após o encaixe desta venda, o Grupo José de Mello quer ficar na Brisa e fazer uma nova parceria com um ou mais novos accionistas; quer olhar para os actuais e novos negócios; e reforçar a estrutura de capitais próprios", frisou.
A Brisa opera 1.628 km de estradas em Portugal, numa rede de 17 auto-estradas, 6 itinerários complementares e 6 estradas nacionais. A sua principal concessão, a BCR - composta por 12 auto-estradas que cobrem 1.014 km com portagens - terminará em 2035.
O lucro operacional da Brisa (EBITDA) foi de 554 milhões de euros em 2018, com uma dívida financeira líquida de 1,7 mil ME.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)