LISBOA, 26 Set (Reuters) - A empresária angolana Isabel dos Santos ainda não decidiu se a sua holding Santoro manterá, reduzirá ou venderá os 18,6 pct que tem no BPI BBPI.LS , no âmbito da OPA lançada pelo espanhol Caixabank CABK.MC , disse o Presidente da Santoro ao Expresso.
No passado dia 21, a Assembleia Geral (AG) do BPI aprovou o fim do limite de 20 pct aos direitos de voto, abrindo a porta ao sucesso do 'bid' do Caixabank CABK.MC , com Isabel dos Santos a a abster-se. dos Santos tinha usado no passado a blindagem dos Estatutos para travar várias investidas do Caixabank - maior accionista com cerca de 45 pct - de controlar o banco BPI.
"O conselho de administração da Santoro, em conjunto com o seu acionista, Isabel dos Santos, ainda não decidiu se manterá, reduzirá ou venderá a sua posição acionista no BPI", disse o Presidente da Santoro Mário Silva em declarações ao Expresso.
O 'board' do BPI propôs vender 2 pct do rentável Banco de Fomento Angola (BFA) à telecom angolana Unitel, que passaria a controlar 51 pct do BFA, mas a Santoro de Isabel dos Santos tinha de viabilizar o fim do limite de votos no banco português, o que veio a acontecer.
Posteriormente, Isabel dos Santos disse que há consenso entre os accionistas do BPI e saudou a solução gizada, que fortalecerá o banco português e o Banco de Fomento Angola (BFA), sinalizando que aceitará a proposta para a telecom angolana Unitel comprar dois pct do BFA e assumir o controlo. proposta do 'board' visa cumprir a exigência do Banco Central Europeu (BCE) que o BPI reduza a sua exposição excessiva ao BFA, através da redução da posição do BPI para 49 pct, mas também de um novo acordo parassocial em que deixa de dominar o banco angolano.
"Nesta solução não houve nenhuma 'moeda de troca'. A OPA do CaixaBank, só por si, não resolveria o tema dos grandes riscos imposto pelo BCE. O limite (redução da exposição do risco do BPI a África) tem que ser cumprido por um banco em todos os países onde está presente".
Adiantou que, "mesmo que o CaixaBank fosse o acionista maioritário do BPI, teria de garantir que o limite dos grandes riscos era cumprido, não só em Espanha, como também em Portugal".
Mário Silva afirmou que "a solução apresentada resolve, finalmente, o problema dos grandes riscos, imposto pelo BCE, e não pela Unitel, e que obrigava o BPI a reduzir a exposição ao BFA".
"A Unitel e a Santoro são duas empresas independentes, com gestão profissional, sectores e geografias distintos e estruturas acionistas próprias", disse.
"São muitas vezes confundidas por terem na sua estrutura acionista a engenheira Isabel dos Santos, mas é importante distinguir que, enquanto a Santoro é 100 pct detida pela mesma e, por tal, totalmente dominada por si, a Unitel tem quatro acionistas, cada um com 25 pct do capital", afirmou Mário Silva.
O preço da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank é de 1,134 euros. As acções do BPI fecharam estáveis nos 1,13 euros.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Shrikesh Laxmidas)