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Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA, 30 Jul (Reuters) - A economia de Portugal contraiu 14,1% no segundo trimestre de 2020 contra os três meses anteriores, a maior queda de que há registo, com a pandemia do coronavírus a fazer colapsar o consumo privado, o investimento e as exportações, segundo uma estimativa rápida do INE.
"É um número que fica para a História da economia portuguesa e que resulta logicamente da situação de forte confinamento, particularmente entre meados de março e o final de abril, que afectou quase todos os setores económicos", disse Filipe Garcia, economista da Informação de Mercados Financeiros, no Porto.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) disse que, entre Abril e Junho de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) teve uma queda homóloga de 16,5% comparando com o mesmo período do ano passado.
Confirma-se agora a grave recessão técnica, após o Produto Interno Bruto (PIB) português ter tido uma contração de 3,8% no primeiro trimestre de 2020 comparando com o quarto trimestre de 2019, segundo o INE.
O INE refere que a queda homóloga do PIB reflectiu "a expressiva contração do consumo privado e do investimento", que se agravou, e que "o contributo negativo da procura externa líquida também se acentuou no segundo trimestre".
Destacou que houve uma "diminuição mais significativa das xxportações de bens e serviços que a observada nas importações de bens e serviços devido em grande medida à quase interrupção do turismo de não residentes".
O sector do turismo, que pesa cerca de 15% do PIB, tem sido dos mais penalizados com os 'lockdowns' em Portugal e no estrangeiros e restrições às viagens de turistas.
O PIB dos dois maiores parceiros comerciais de Portugal, Espanha e Alemanha, tiveram quedas em cadeia respectivas de 18,5% e 10,1% no segundo trimestre de 2020.
O Banco de Portugal prevê que o PIB contraia 9,5% em 2020, a maior recessão num século, enquanto o governo estima que caia apenas 6,9%. No ano passado, o PIB português cresceu 2,2%.
Em mais um indicador da fraca procura doméstica, o INE disse que o índice de preços no consumidor (IPC) mensal caiu 1,3% em Julho, após ter crescido 0,9% em Junho.
O mercado de trabalho português também dá sinais de estar a enfraquecer, com a taxa de desemprego a subir para 7% em junho, contra 5,9% em maio, dada a destruição de dezenas de milhares de empregos. número total deve ser substancialmente superior pois muitos trabalhadores deixaram de procurar emprego durante o 'lockdown' e cerca de 877.000 trabalhadores estão em 'lay off', significando que ficaram de fora das estatísticas de desemprego.
Portugal começou a levantar algumas restrições impostas durante um lockdown de seis semanas a partir de 4 de maio.
Filipe Garcia disse que, "se é certo que desde maio se assiste a uma abertura progressiva, a evolução para os próximos trimestres não é isenta de sérios riscos".
Realçou que "o turismo continua e continuará a ser residual e, quer os serviços, quer os pontos de venda estão e estarão com menos actividade do que o normal, e as empresas continuam muitíssimo cépticas em investir".
"Não se sabe se teremos outros confinamentos, mais ou menos parciais, e Portugal depende também do que for acontecendo nos outros países. Além disso, apenas saberemos como estará verdadeiramente a economia quando terminarem as moratórias e os lay-off", concluiu. (Por Sérgio Gonçalves e Catarina Demony)