Por Patricia Vicente Rua
LISBOA, 13 Mai (Reuters) - O lucro líquido da Jerónimo Martins JMT.LS caiu 43,8% para 35 milhões de euros (ME) nos três meses de 2020, fortemente impactado pelas diferenças cambiais, mas com as vendas fortes, apesar do surto de coronavírus.
Contudo, o impacto da pandemia já visível na performance operacional torna o futuro incerto, levando a empresa a retirar o 'guidance' avançado há três meses.
A maior retalhista alimentar da Polónia e número dois em Portugal adiantou que excluíndo o IFRS16, o lucro líquido consolidado atribuível cai para 61 ME, de 72 ME há um ano atrás.
As vendas consolidadas subiram 11% para 4.715 ME entre Janeiro e Março de 2020, tendo as vendas 'like-for-like' (LFL) aumentado 9,5%.
"Antes do início da pandemia o LFL crescia a 12,1% acumulado a Fevereiro", realçou a retalhista.
"Fechámos o primeiro trimestre do ano com um crescimento de vendas assinalável, o que traduz a força competitiva dos vários negócios e a flexibilidade e resiliência das nossas operações, mesmo quando postas à prova por uma ameaça sem precedentes, como é o caso da pandemia por COVID-19, disse o CEO, Pedro Soares dos Santos, em comunicado.
Portugal declarou Estado de Emergência a 18 de Março, fechando todos os serviços não essenciais e confinando as pessoas às suas casas, mas a JM afirmou
O país iniciou esta semana um plano de abertura dos diferentes sectores da economia, em três fases, com reaberturas de 15 em 15 dias, começando pelos cabeleireiros, pequenas lojas de bairro, concessionários de automóveis e livrarias.
A JM explicou que "dada a imprevisibilidade actual da evolução da pandemia, entendemos não estarem ainda reunidas as condições necessárias para uma estimativa válida sobre o impacto potencial desta crise na actividade do ano. Assim retiramos o guidance comunicado a 20 de Fevereiro de 2020".
A líder do retalho alimentar polaco, Biedronka, teve um crescimento de vendas de 12,6% para 3,3 mil ME (+13,2% em moeda local) e um LFL de 11,1%.
Apesar da regulamentação restringir a abertura de lojas ao Domingo na Polónia, registaram-se menos três dias de vendas do que no primeiro trimestre de 2019.
Em Portugal, o Pingo Doce cresceu as vendas em 3,5% para 936 ME e as vendas do 'cash & carry' Recheio aumentaram uns ligeiros 0,2% para 214 ME, em termos homólogos.
Na Colômbia, a Ara aumentou as vendas, em moeda local, em 52,3%, incluindo um LFL de 34,3%. Em euros, as vendas cresceram 38,9% para os 235 ME.
O EBITDA do Grupo cifrou-se nos 309 milhões de euros, 0,4% abaixo do primeiro trimestre de 2019, sendo que a taxas de câmbio constantes, o EBITDA manteve-se em linha com o ano anterior. A respectiva margem foi caiu para 6,6%, de 7,3% no primeiro trimestre de 2019.
"Os custos incorridos nas duas últimas semanas de Março para permitir às insígnias operarem em condições de segurança são estimados em 15,5 ME. Excluindo este efeito, o EBITDA teria crescido 4,6% e registado uma margem de 6,9% no trimestre", vincou.
A Biedronka registou um EBITDA de 277 ME, um crescimento de 6,5% ou 7,1% a taxa de câmbio constante), "num trimestre em que se implementou, como planeado, a actualização salarial prevista para 2020".
A JM vai propor na Assembleia Geral Anual de Accionistas, a 25 de Junho, que a distribuição de dividendos relativa ao resultado de 2019 siga um payout de 30%, em vez dos 50% previamente anunciados, a aplicar aos resultados líquidos consolidados desse exercício (excluindo os efeitos contabilísticos da adopção da IFRS16).
Esta proposta representa uma distribuição de 130,1 ME, a que corresponde um dividendo bruto de 0,207 euros por acção (excluindo as 859 mil acções próprias em carteira).
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)