Por Sergio Goncalves
LISBOA, 28 Jul (Reuters) - O lucro do Millennium bcp BCP.LS - maior banco privado de Portugal - teve um aumento homólogo de 12,7% para 169,8 milhões de euros (ME) no primeiro semestre de 2019, suportado numa robusta subida margem financeira e redução de imparidades.
Na actividade em Portugal, o lucro cresceu 23,2% para 72,7 ME nos seis meses de 2019, enquanto o resultado da área internacional - inclui as operações 'core' da Polónia, Angola e Moçambique - fixou em 83,7 ME contra 89,9 ME há um ano atrás.
Apesar da pressão de taxas directoras do BCE em mínimos históricos, a margem financeira - diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos - do Millennium bcp subiu 7,6% para 740,1 ME entre Janeiro e Junho de 2019.
Miguel Maya, Chief Executive Officer (CEO), explicou que a subida da margem financeira em volume foi "alicerçada fundamentalmente na redução do custo do funding, nomeadamente na diminuição do custo da dívida emitida, conjuntamente com o decréscimo do custo dos depósitos a prazo".
"Foi um semestre desafiante devido à evolução da política monetária do BCE. Mas, tivemos uma melhoria da rendibilidade do Grupo, com expansão dos proveitos core, redução das imparidades", disse Miguel Maya em conferência de imprensa.
"Estamos a conseguir entregar quer em melhoria da qualidade do balanço, quer em resultados", adiantou o CEO, lembrando que a taxa da margem financeira deslizou para 2,1% em Junho de 2019 contra 2,2% no período homólogo.
Numa subtil mudança de 'guidance' de política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) disse na semana passada que vê as taxas directoras aos níveis actuais ou mais baixos até meados de 2020, quando antes previa que se mantivessem inalteradas até junho próximo. Maya disse que o banco não estava à espera deste novo 'guidance' do BCE, mas saberá "vencer também neste contexto", compensando este efeito adverso com "mais intensidade de negócio, eficiencia, qualidade de crédito".
Prosseguindo a grande limpeza do balanço, o banco reduziu em termos homólogos as 'non performing exposures (NPEs) em 1,7 mil ME para para 5,0 mil ME em Junho de 2019, "determinada pelo desempenho da actividade em Portugal".
No período, as imparidades desceram 13,1% para 243,1 ME, com as imparidades para crédito a caírem 9,2% para 200 ME.
Em simultâneo, se verificou a "qualidade do franchising Millennium bcp", visível no aumento homólogo de 217 mil clientes activos para 4,938 milhões de clientes em Junho de 2019, sendo que em Portugal aumentou 121 mil clientes para 2,299 milhões.
"Esta captação (de clientes) foi impulsionada por ferramentas digitais inovadoras", disse o CEO.
Os ganhos em operações financeiras subiram 24% para 95,5 ME.
As comissões fixaram em 342,2 ME nos seis meses de 2019, levemente acima dos 340,2 ME há um ano atrás.
Os custos operacionais subiram 9,5% para 548 ME nos seis meses de 2019, mas o 'cost-to-income' sem custos não habituais fixou em 47%, sendo o Millennium bcp "claramente um banco de referência do ponto de vista de eficiência quer ao nivel doméstico, quer internacional".
O rácio de capital 'common equity' Tier 1 fully implemented situou-se num "nível confortável" de 12,2% em Junho de 2019, "melhorando 52 pontos base face a junho de 2018".
O maior accionista do Millennium bcp é a chinesa Fosun 0656.HK com 27%, seguido da 'oil' estatal angolana Sonangol. (Por Sérgio Gonçalves Editado por Catarina Demony)