Por Sergio Goncalves
LISBOA, 24 Jul (Reuters) - O ministro das Infra-estruturas de Portugal, Pedro Nuno Santos, aconselhou os portugueses a abastecerem as suas viaturas antes da nova greve dos motoristas de camiões de mercadorias, que exigem melhores salários e condições laborais.
Esta greve, com início marcado para 12 de agosto por tempo indeterminado, segue-se à paralisação de 15 a 18 de abril, que levou o governo a declarar uma crise energética, reduziu as reservas de combustível dos aeroportos a níveis de emergência, interrompeu voos e provocou filas durante horas em postos.
A paralização antecede as eleições legislativas de 6 de outubro, cujas sondagens apontam para uma vitória clara e próxima da maioria absoluta por parte do Partido Socialista que está no poder.
Hoje, Pedro Nuno Santos disse que o Governo "tem a preocupação de que um diferendo entre as duas partes - sindicatos e patronato - se consiga resolver e toda abertura para que se entendam e cheguem a um acordo".
Mas alertou: "todos podíamos começar a precaver-nos, em vez de esperarmos pelo dia 12, que não sabemos se vai acontecer (a greve)".
"Era avisado podermo-nos abastecer para enfrentar com maior segurança o que vier a acontecer", disse o ministro, em declarações televisionadas pela SIC.
Os sindicatos e o patronato estão reunidos no Ministério do Trabalho para planificarem os serviços mínimos.
O pré-aviso de greve entregue pelo SNMMP-Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e pelo SIMM-Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias propõe serviços mínimos de 25% dos trabalhadores.
O Expresso referiu que a ANTRAM-Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias quer que seja fixada a fasquia de 70% para os serviços mínimos.
Na última greve de abril, que foi apenas convocada pelo SNMMP, o Governo deliberou que os serviços mínimos abrangessem 40% dos trabalhadores, mas apenas para Lisboa e Porto.
No entanto, depois o Governo decretou uma requisição civil e convidou as partes a voltarem às negociações, o que aconteceu e a greve foi desconvocada a 18 de Abril.
Em Portugal há cerca de 50.000 motoristas de veículos pesados de mercadorias, 900 dos quais a transportar mercadorias perigosas.
"Estamos todos a trabalhar para nos preparar para qualquer eventualidade e, antes disso, para que não haja sequer greve", disse Pedro Nuno Santos.
Os sindicatos exigem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022.
Incluindo prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, os salários atingiriam 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros um ano depois e 1.715 euros em janeiro de 2022.
(Por Sérgio Gonçalves)