Por Sergio Goncalves
LISBOA, 20 Fev (Reuters) - Portugal fez mais um pagamento antecipado de 1.700 milhões de euros (ME) do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), permitindo cortar um ponto percentual (pp) do PIB à dívida pública, disse o primeiro ministro António Costa.
O FMI foi responsável por cerca de um terço do empréstimo conjunto da UE/FMI de 78.000 ME que Portugal recebeu no resgate externo de 2011. A parcela do empréstimo do FMI tem juros mais elevados do que a parte da União Europeia (UE).
Após reembolsos antecipados de 10.400 ME de empréstimos do FMI em 2015 e Fevereiro de 2016, no final do ano passado Lisboa já tinha reembolsado cerca de 43 por cento dos empréstimos pedidos ao FMI.
Entretanto, em Janeiro de 2017, o Tesouro português voltou a reembolsar antecipadamente mais 500 ME ao FMI.
"Hoje posso dizer que, na semana passada, demos um passo muito importante, porque pagámos mais 1.700 ME da nossa dívida ao FMI e a nossa dívida é hoje um ponto percentual do PIB mais baixa que o que era há uma semana atrás", disse o primeiro-ministro, no Sábado passado, em declarações televisionadas pela SIC.
Na quarta-feira passada, o ministro das Finanças Mário Centeno já tinha dito que "muito brevemente" iria ser amortizada antecipadamente mais uma parte da dívida ao FMI, o que não colocaria em causa o financiamento da República Portuguesa.
Então, Mário Centeno explicou que estas devoluções antecipadas ao FMI são possíveis porque o Tesouro tem "canalizado os ganhos de liquidez do Estado, por exemplo os 'Cocos' do Millennium bcp" BCP.LS para fazer esses reembolsos.
Em 9 de Fevereiro, o Millennium bcp, usando os 1.330 ME de um 'cash call', pagou ao Tesouro a última tranche de 700 ME (ME) da ajuda pública (Coco's) que tinha usado para reforçar o capital.
A dívida pública bruta de Portugal fixou em 129,7 pct do Produto Interno Bruto (PIB) no final de 2016, incluindo os 2.700 ME para a próxima recapitalização da estatal Caixa Geral de Depósitos.
O Executivo prevê que a dívida pública bruta caia para 128,3 pct do PIB no fim de 2017.
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 4,02 pct, contra 4,03 pct no último fecho.
A 15 de Fevereiro, o Governo reviu em baixa a previsão do défice público português em 2016 para um valor não superior a 2,1 pct do Produto Interno Bruto (PIB), o mais baixo em 42 anos, face à anterior estimativa de igual ou inferior a 2,3 pct, que já estava duas décimas abaixo do exigido por Bruxelas. 2015, o défice português situou-se em 4,4 pct do PIB, penalizado pelo resgate do banco Banif.
Para 2017, o Governo prevê que o défice público caia para 1,6 pct do PIB. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)