Por Patricia Vicente Rua
LISBOA, 27 Ago (Reuters) - A maior construtora portuguesa, Mota-Engil, está na fase final para vender uma participação de 30% à chinesa China Communications Construction Co, uma das maiores empresas de infra-estruturas do mundo, num negócio que envolve um aumento de capital, disse uma fonte próxima do processo.
"Confirmo que se trata da CCCC", disse esta fonte.
A notícia levou as acções da Mota-Engil a disparar 14,78% para 1,662 euros.
Em comunicado, a empresa explica que "no âmbito do acordo em perspetiva, a Mota Gestão e Participações SGPS SA (MGP), acionista dominante da Mota-Engil, aceitou vender uma participação relevante no capital social da sociedade a um preço que reflete uma valorização que está muito acima do preço atual de mercado".
O accionista maioritário da Mota-Engil, a MGP, tem actualmente cerca de 65% da empresa.
A entrada do novo acionista na Mota-Engil será concretizada através da subscrição de uma participação relevante num aumento de capital social de até 100 milhões de novas ações que será submetido brevemente a deliberação em Assembleia Geral.
Após este aumento do capital social, a MGP terá uma participação de cerca de 40% do capital social da Mota-Engil e o novo acionista atingirá uma participação ligeiramente superior a 30%.
"Esta nova estrutura acionista e o quadro desta parceria, que se baseia na avaliação do Grupo de cerca de 750 milhões de euros, irá reforçar as capacidades financeiras, técnicas e comerciais do grupo Mota-Engil, a fim de aumentar as suas atividades em todos os mercados e abrir novas oportunidades para novos desenvolvimentos", explicou.
A Mota-Engil divulgou ainda esta manhã um prejuízo de 5 ME nos primeiros seis meses de 2020, face a um lucro de 8 ME no semestre homólogo.
O volume de negócios recuou 14% para 1,157 mil milhões de euros e o EBITDA caiu 26% para 144 milhões, tendo a respectiva margem descido 2 pontos percentuais para 12%.
De acordo com a Mota-Engil, o impacto da pandemia foi contabilizado em 280 milhões de euros no volume de negócios e de 45 milhões no EBITDA, afectando principalmente os mercados emergentes. (Por Patrícia Vicente Rua, Editado por Catarina Demony)