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Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA, 23 Mar (Reuters) - O presidente do Eurogrupo Mário Centeno disse que a resposta da Zona Euro ao surto do coronavírus não vai ter limites e vai ser muito solidária entre países.
Á saída de um encontro com o presidente da República de Portugal, Mário Centeno referiu que o BCE e a Comissão Europeia já avançaram medidas que "é uma resposta muito significativa e de grande dimensão, que está e vai ser construída na Europa".
"A resposta europeia não vai ter limites e vai ser muito solidária - é esta a minha determinação enquanto governante em Portugal e no Eurogrupo", frisou o também ministro das Finanças de Portugal.
Mário Centeno respondia a uma pergunta se concordava com a emissão de 'corona bonds' pelo MEE, um instrumento de solidariedade e partilha de risco entre países, como defende o governador do BP.
"As respostas europeias estão a ser trabalhadas e a ser anunciadas semanalmente", disse Mário Centeno.
Adiantou que já se viram "respostas do BCE, da Comissão Europeia (CE) e tem-se vindo a observar um conjunto de acções bastante coordenadas, harmonizadas - no sistema bancário, liquidez às empresas e apoio social para evitar a perda de emprego".
"Assumi um cargo e estou totalmente focado nas suas exigências, nas necessidades que requerem, quer como ministro das Financas, quer como presidente do Eurogrupo.Esta é a minha tarefa, esta é a minha função", disse Centeno.
Hoje, o governador do Banco de Portugal Carlos Costa, num artigo exclusivo à Reuters, disse que os países da zona euro têm de ter uma resposta solidária e de partilha de riscos no combate ao surto de coronavírus, como a emissão de 'corona bonds' a muito longo prazo pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), para evitar uma segunda crise da dívida soberana. Costa, também membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) afirmou que "tais 'corona bonds' são não só um reforço mas também um complemento necessário ao recém-anunciado Pandemic Emergency Purchase Programme do BCE" com um montante de 750 mil milhões de euros.
Defendeu que "uma opção que merece uma análise mais aprofundada é a possibilidade do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) emitir 'corona bonds', com os recursos canalizados para todos os Estados-Membros confrontados com essa necessidade". Tais recursos seriam reembolsáveis a longo prazo através do orçamento comunitário "sem impactar imediatamente as posições orçamentais individuais dos países".
A CE também já flexibilizou as regras do Pacto de Estabilidade.
Mário Centeno, que foi ministro das Finanças nos últimos quatro anos e equilibrou as Finanças públicas, reconheceu que "este ano é um ano de enrorme desafio, esta execução orçamental é seguramente a mais desafiante de todas".
"É um momento difícil e temos de reagir a uma crise sanitária", disse.
"Queria apelar a todos a uma forte cooperção de todos os sectores da sociedade no combate, primeiro, à crise sanitaria e depois na resposta económica e financeira para fazer que este momento seja temporário, contido para que, o mais depressa possível, possamos voltar à normalidade", concluiu.
(Por Sérgio Gonçalves e Catarina Demony; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)