(Acrescenta citações CEO, informação)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 8 Nov (Reuters) - O lucro reportado da EDP EDP.LS , que está sob um 'bid' da China Three Gorges (CTG), teve uma queda homóloga de 74 pct para 297 milhões de euros (ME) nos nove meses de 2018, com a forte pressão regulatória em Portugal, 'one off' há um ano atrás e quebra do resultado da EDP Renováveis (EDPR) EDPR.LS .
A penalizar a comparação homóloga do resultado está o facto de, em Março de 2017, a EDP ter vendido a Naturgas em Espanha e ter encaixado então uma mais-valia 'one off' de 558 ME, bem como uma provisão extraordinária este ano de 285 ME devido ao Governo lhe ter tirado esta suposta sobre-compensação relativa aos CMEC-custos de manutenção do equilíbrio contratual"
Contudo, o lucro recorrente, retirando 'one offs', subiu dois pct para 570 ME, acima do consenso do mercado, sendo que que o crescimento na EDP Brasil e a melhoria de mercado na Península Ibérica foram contrariadas pela regulação adversa Portugal e pela performance da EDPR.
O CEO António Mexia referiu que as "actividades tradicionais em Portugal, excluindo renováveis, representaram apenas seis pct do resultado líquido ou seja 18 ME". Somando a actividade da eólica em Portugal, o peso doméstico sobe para 16 pct.
REGULAÇÃO ADVERSA PORTUGAL
"Todo o conjunto de medidas regulatórias em Portugal no último ano penalizaram o resultado líquido da EDP em 319 ME. Isto significa que 84 pct do resultado líquido da EDP veio de fora de Portugal", disse o Chief Executive Officer (CEO).
O maior grupo industrial de Portugal, que controla a EDP Renováveis e a EDP-Energias do Brasil ENBR3.SA , adiantou que a margem bruta consolidada teve uma queda homóloga de 6 pct para 3.862 entre Janeiro e Junho de 2018.
O EBITDA-Earnings before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization consolidado desceu 26 pct, em termos homólogos, para 2.410 ME nos nove meses do corrente ano. No entanto, o EBITDA recorrente caiu apenas seis pct para 2.428 ME, "totalmente em linha com o efeito cambial - menos 6 pct ou menos 132 ME, suportado pela depreciação do real e, em menor escala, do dólar.
A EDPR já tinha anunciado que o lucro tinha caído 30 pct para 115 ME nos nove meses de 2018. Apesar da subida de 4 pct da produção, o 'load factor' foi desfavorável, o preço realizado caiu 11 pct ou 62 ME, o forex e outros impactaram negativamente em 49 ME e o termo esperado de PTCs em estruturas de Tax equity ditaram uma queda de 43 ME, e as receitas a caíram 8 pct.
Contudo, a subsidiária EDP Brasil, controlada em 51 pct pela EDP, viu o seu lucro líquido consolidado subir 79,6 pct para 748,7 milhões de reais (MR), com o EBITDA a crescer 18,2 pct para 1.900 MR.
A adiantou que, em termos de eficiência operacional, os custos com pessoal e serviços externos (OPEX) aumentaram 1 pct face aos nove meses de 2017, excluindo efeito cambial.
Realçou que o OPEX na Península Ibérica caiu 2 pct, o rácio Core Opex/ MW médio na EDPR subiu 2 pct e o OPEX na EDP Brasil recuou 1 pct, em moeda local.
O investimento operacional consolidado subiu 30 pct para 1.397 ME, com uma aceleração no investimento em expansão, maioritariamente relacionada com energia eólica e transmissão no Brasil.
"De acordo com a estratégia da EDP, 89 pct do total de investimento operacional foi dedicado a actividades reguladas ou contratadas a longo-prazo, incluindo projectos de expansão (cerca de 70 pct do investimento operacional total)".
Os EUA absorveram 38 pct daquele investimento e o Brasil 22 pct.
"A dívida situa-se em 14,5 mil ME, o que é menos 4 pct face aos mesmo período do ano passado, mas mais 4 pct face a Dezembro de 2017", referiu o CEO.
"Os encaixes previstos no quarto trimestre das alienações já contribuem para levar a dívida para o nosso guidance".
MANTÉM GUIDANCE
"Mantemos o objectivo de um resultado líquido recorrente de 800 ME e entre 500 e 600 ME reportados. Reafirmamos um EBITDA de 3.400 ME e uma dívida líquida abaixo dos 14 mil ME, em linha com o ano anterior", afirmou António Mexia.
Em Setembro, a EDP cortou o 'guidance' do lucro de 2018 para entre 500 e 600 ME dos 800 ME antes, após o Governo lhe ter retirado aquela compensação de 285 ME, adiantando a eléctrica que ia recorrer à arbitragem internacional ao abrigo dos Tratados de protecção de investimento estrangeiro. E REGULADORES A TRABALHAR
A estatal China Three Gorges lançou em Junho de 2018 um anúncio preliminar de oferta de 9 mil milhões de euros para a aquisição da EDP e da EDPR, oferecendo 3,26 euros por acção e 7,33 euros por acção respectivamente - ambos rejeitados pela empresas portuguesas como não reflectindo o valor.
Os analistas vêm muito difícil que a CTG consiga os OK regulatórios em várias jurisdições, havendo grandes dúvidas que as autoridades americanas autorizem a compra dos activos nos EUA pela chinesa.
"Há sinais claros de trabalho que está a ser feito no contexto da Oferta (da CTG). A CTG e os reguladores estão a fazer o seu trabalho", disse António Mexia.
O Estado chinês é o maior acionista da EDP com 28 pct do capital, através dos 23 pct detidos pela China Three Gorges (CTG) e dos cinco pct da CNIC.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)