* Millennium bcp com melhores resultados 9-meses últimos 12 anos
* Aumento clientes e volumes compensou pressão política BCE
* CEO diz banco é referência eficiência Portugal e zona euro (Acrescenta citações, background)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 7 Nov (Reuters) - O lucro do maior banco privado de Portugal, Millennium bcp BCP.LS , teve um aumento homólogo de 5% para 270,3 milhões de euros (ME) nos nove meses de 2019, com redução de imparidades e aumento robusto da margem financeira, apesar da adversa política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
Na actividade em Portugal, o lucro cresceu 7,1% para 125,5 ME, beneficiando "da evolução favorável da generalidade das rubricas, à exceção dos custos operacionais e dos resultados por equivalência patrimonial".
Na actividade internacional -- que inclui as operações 'core' da Polónia, Angola e Moçambique -- o lucro líquido no final do terceiro trimestre de 2019 caiu para 131,4 ME, que compara com 140,8 ME no período homólogo de 2018.
"Apesar da política monetaria desafiante do BCE, a verdade é que estes são os melhores resultados, dos noves meses, dos ultimos 12 anos", disse o CEO Miguel Maya, em conferencia de imprensa.
Embora sinta a pressão de taxas directoras do BCE em mínimos históricos, a margem financeira - diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos - do Millennium bcp subiu 9,5% para 1.153 ME entre Janeiro e Setembro de 2019.
A partir de Julho último, o Banco Central Europeu (BCE) deu um 'guidance' mais difícil para a banca, ao passar a ver as taxas directoras aos níveis actuais ou mais baixos até meados de 2020. a taxa da margem financeira estável em 2,2%. O aumento da margem em volume foi resultado do crescimento da actividade com os nossos clientes", explicou o CEO.
Miguel Maya explicou que o Millennium bcp tem de continuar a ser "um banco eficiente e capaz de gerar rendibilidade num contexto de taxas de juro negativas, que poderá prolongar-se por um período de tempo maior".
As comissões fixaram em 519,1 ME contra 510,1 ME há um ano atrás, enquanto os ganhos em operações financeiras subiram 33% para 119,1 ME.
As imparidades e provisões desceram 12,1% para 377,1 ME.
"As perspectivas de evolução são positivas suportadas pelo aumento da base de clientes e a normalização do custo do risco, continuando a eficiência a ser um factor absolutamente essencial do modelo de negócios", disse o CEO.
RECORDE CLIENTES, MAIS DIGITAIS
O CEO destacou o "forte crescimento da base de clientes, de forma sustentada", que superou a barreira dos 5 milhões e atingiu o recorde de 5,051 milhões de clientes, mais 246 mil clientes face a há um ano atrás. Em Portugal, o crescimento foi de 141 mil clientes para 2,631 milhões de clientes, suportado pelos clientes em canais digitais e plataformas tecnológicas.
Disse que cerca de 38% dos clientes já são digitais e 39% são clientes mobile.
Nos nove meses, o Millennium bcp prosseguiu com a redução das 'non performing exposures' (NPEs), que desceram em termos homólogos 1,7 mil ME para 4,6 mil ME em Setembro de 2019, sobretudo com uma grande 'limpeza' em Portugal.
O CEO disse que o "banco está a convergir para o objectivo de cortar os NPE's para 3,0 mil ME" em 2021.
Os custos operacionais, excluindo o efeito dos itens específicos, subiram para 8,9% para 808 ME nos nove meses de 2019, mas o 'cost-to-income' fixou em 46%, contra 86% em 2013, "continuando o Millennium bcp a ser um banco de referência em Portugal e na zona euro".
O maior accionista do Millennium bcp é a chinesa Fosun 0656.HK com 27%, seguido da 'oil' estatal angolana Sonangol. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)