(Acrescenta citações CEO, chaiman)
Por Sergio Goncalves e Goncalo Almeida
21 Fev (Reuters) - O lucro líquido consolidado do maior banco privado português Millennium bcp BCP.LS subiu 61,5 pct para 301,1 milhões de euros (ME) em 2018, suportado pelas robustas margem financeira e comissões, quando o banco prosseguiu a redução de exposições problemáticas e vai voltar a pagar dividendos.
Adiantou que o lucro da atividade em Portugal triplicou, com contributo de 115,5 ME em 2018, comparando com 39,0 ME em 2017, enquanto o resultado da atividade internacional cresceu 27,8 pct para 186,9 ME.
A sua operação na Polónia, o Bank Millennium MILP.WA , tinha já anunciado um aumento homólogo de 12 pct do lucro para os 760,7 milhões de zlotys (175,5 milhões de euros). Comissão Executiva propôs ao Conselho de Administração a aprovação de uma proposta de distribuição de dividendos correspondente a payout de 10 pct, a submeter à Assembleia Geral Anual.
A última vez que o Millennium bcp pagou dividendos foi em 2010, e o Chief Executive Officer (CEO) referiu que o banco quer convergir para um 'payout ratio' de 40 pct em 2021.
"Foi um crescimento muito significativo do resultado do banco e um reforço do rácio de capital (...) com uma melhoria significativa da qualidade dos activos", disse o CEO Miguel Maya, em conferência de imprensa.
"A carteira de credito performing melhorou e passámos com distinção os stress tests", acrescentou.
Explicou que houve um reforço do rácio de capital para 14,5 pct, "impulsionado pela emissão de AT1 realizada em janeiro de 2019 e confortavelmente acima dos requisitos definidos no âmbito do SREP".
Os non-performing exposures (NPEs) caíram para 5,5 mil ME em 31 de dezembro de 2018, uma redução de 2,1 mil ME face a 2017, sendo que houve um reforço da cobertura dos NPE: cobertura por imparidades de 52 pct versus 43 pct no fim de 2017 e cobertura total de 109 pct versus 104 pct.
MARGEM ROBUSTA
O Millennium bcp anunciou que a margem financeira - diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos - teve um aumento de 2,3 pct para 1.424 ME em 2018 e as comissões cresceram 2,6 pct para 684 ME.
Miguel Maya destacou o crescimento do negócio, "com aumento do crédito performing em 2,2 mil ME e dos recursos totais de clientes em 3,7 mil ME".
Afirmou que o banco tinha mais 351 mil clientes ativos face a 31 de dezembro de 2017, beneficiando, "em parte, do desenvolvimento dos meios digitais em Portugal".
O 'chairman' Nuno Amado frisou que a reestruturação feita ditou "uma melhoria da qualidade do activo, um aumento de uma forma muito relevante da capacidade do banco gerar resultados operacionais e uma melhoria clara do cost-to-income", para além de reforçar capitais próprios e presença nos mercados 'core'.
O 'return on equity' melhorou para 5,2 pct em 2018 contra 3,3 pct em 2017.
Recentemente, foram divulgadas notícias na Polónia de que as autoridades polacas podem endurecer a lei para proteger os clientes que têm crédito em moeda estrangeiras - nomeadamente francos suíços - o que poderia penalizar os bancos.
Mas, o CEO Miguel Maya referiu o Millennium bcp quer que o seu "investimento estrangeiro seja respeitado dentro das regras" e vai continuar a tomar diligências "mas de forma discreta" como tem feito.
"Mesmo no cenário mais falado nos jornais (...) mais complexo, se fizessemos as contas áquele cenário (mais complexo), não estariamos a colocar em causa nada do plano (estratégico)", disse o CEO.
O Chief Financial Officer Miguel Bragança recordou que a morosidade desse tipo de carteira de clientes na Polónia é muito baixa. (Por Sérgio Gonçalves e Goncalo Almeida; Editado por Catarina Demony)