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Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 8 Fev (Reuters) - O lucro da Navigator NVGR.LS caiu 26 pct para 62 milhões de euros (ME) no quarto trimestre de 2017, penalizado pelo impacto dos incêndios em Portugal, tendo a produtora de papel e pasta de papel expressado alguma cautela quanto a 2018 após um ano de preços recorde da pasta de papel.
A empresa destacou, entre os impactos não recorrentes mais significativos, os incêndios florestais, com um impacto negativo de 7 ME, "contabilizado em ativos biológicos".
O EBITDA -lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações aumentou 8 pct para 104 ME e as vendas subiram 1,2 pct para 427 ME, beneficiando de menos custos.
A empresa destacou, em comunicado, o "menor volume de pasta disponível para mercado devido à paragem de produção e necessidade de stocks".
O Caixa Banco de Investimento previa um lucro de 51 milhões de euros (ME) no quarto trimestre, penalizado pelos "efeitos negativos" dos incêndios florestais em Portugal em Outubro. As receitas eram vistas nos 422 ME e o EBITDA em 101,7 ME.
A dívida líquida remunerada aumentou 52 ME para 692,7 ME, tendo o rácio de dívida líquida sobre EBITDA aumentado ligeiramente para 1,72, de 1,61.
"Esta evolução resulta essencialmente do pagamento de dividendos no montante de 250 ME em Junho e Julho e do programa de investimento em curso, que ascendeu no total a 114,7 ME em 2017", referiu a Navigator.
CAUTELA 2018
A Navigator disse que a generalidade das previsões de preços para 2018 "mantém-se positiva", sem nenhum incremento substancial na oferta de pasta previsto para os próximos dois anos.
"Existem, no entanto, alguns receios relativamente à sustentação dos preços neste nível, o que poderá levar a alguns ajustamentos ao longo de 2018", ressalvou.
"Neste enquadramento, as perspetivas da Navigator para 2018 são positivas, num ano que será particularmente desafiante para o Grupo, já que ficará marcado pelo arranque da capacidade adicional de pasta na Figueira da Foz, já em Abril, e da nova linha de tissue em Cacia, com as primeiras produções de bobines no mês de Agosto".
No conjunto de 2017, o grupo vendeu 1.578 mil toneladas de papel UWF-uncoated woodfree, praticamente em linha com 2016.
O EBITDA de 2017 fixou-se nos 404 ME, uma expansão de 2 pct, tendo a margem EBITDA sobre vendas estabilizado nos 25 pct. As vendas totais aumentaram 3,8 pct para 1.637 ME o resultado líquido caiu 4,5 pct para 208 ME.
"Importa referir que os resultados líquidos de 2016 beneficiaram de reversão de provisões para impostos, bem como do efeito do regime extraordinário de reavaliação fiscal que resultaram num valor de impostos positivo de 7 ME, e que compara com um valor negativo de cerca de 40 ME em 2017", explicou a empresa.
O volume de negócios foi "sustentado essencialmente pelo bom desempenho das vendas de pasta, de energia e de tissue", frisou a empresa.
"2017 foi muito positivo para o setor da pasta, já que este beneficiou de um conjunto de eventos inesperados e diversos ajustes que condicionaram o lado da oferta, que, conjugado com uma forte procura, provocaram uma recuperação significativa dos preços, mês após mês, quer na China quer na Europa".
As vendas de papel, que totalizaram 1.200 ME, contribuiram para 73 pct do volume de negócios. O indicador de referência PIX - BHKP em euros registou um preço médio de 725 por tonelada que compara com 628 euros no período homólogo.
A redução dos custos de financiamento e os efeitos positivos de cobertura cambial levou a que o resultados financeiros se fixassem em -8 ME, contra -21 ME no ano anterior.
A empresa destacou os investimentos em curso na nova fábrica de tissue em Cacia e no aumento de capacidade de pasta na Figueira da Foz, que decorrem como planeado, e totalizaram 70 ME no período.
"Estes investimentos, iniciados em 2017, irão prolongar-se em 2018 e envolvem um montante total de cerca de 205 ME.
"No negócio de tissue, o mercado ficou marcado pela recuperação da procura, impulsionada pelo crescimento económico, nomeadamente no setor do turismo, verificando-se em simultâneo um aumento de concorrência na Península Ibérica e um aumento dos custos de produção, provocado pela subida do preço da pasta", indicou a empresa.
A Navigator celebrou um contrato de compra e venda do negócio de pellets nos Estados Unidos por 135 milhões de dólares.
"No seu primeiro ano de atividade nos Estados Unidos, a Colombo registou as suas primeiras vendas de pellets, tendo atingido um volume de 120,6 mil toneladas e um valor de vendas de cerca de 15 ME", referiu a Navigator.
"O arranque da fábrica deu-se num enquadramento de mercado bastante adverso, com alguns problemas iniciais na produção e comercialização das pellets, que se prolongaram durante alguns meses, o que conduziu a um impacto negativo em EBITDA proveniente deste negócio de cerca de 16 ME".
MOÇAMBIQUE DIFÍCIL
A Navigator decidiu moderar o ritmo de investimento naquele país e desenvolver o seu projeto de forma faseada.
"Assim, esta abordagem mais conservadora levou ao registo de diversas imparidades em relação ao investimento em Moçambique, de tal forma que, em Dezembro de 2017, o valor em balanço corresponde a menos de 1 pct do valor do ativo consolidado", frisou.
Em 2017, o grupo registou em gastos com as suas operações em Moçambique, um montante total de 8,8 ME, sendo que 4,1 ME foram diretamente a custos, impactando negativamente o EBITDA.
"A Portucel Moçambique encontra-se contudo preparada para avançar com o plano florestal previsto, assim que as condições necessárias - cuja maioria se encontra em discussão com as autoridades Moçambicanas - estejam reunidas", adiantou.
(Por Daniel Alvarenga)