(Actualiza com mais informação, citações gestão)
Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 2 Nov (Reuters) - O lucro do Santander Totta SAN.MC subiu 13 pct para 332 milhões de euros (ME) nos nove meses de 2017, apesar da contracção da margem financeira, beneficiando da descida para metade das provisões para crédito malparado.
A margem financeira, diferença entre juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos, recuou 6 pct para 516 ME, contribuindo para um deslize de 4,6 pct do produto bancário para 858 ME.
Pela positiva, as imparidades e provisões líquidas caíram para metade, fixando-se em 32 ME.
O 'return on equity' foi de 12 pct. Em termos de almofadas de capital, o rácio CET1 'fully implemented' fixou-se nos 16,5 pct. "É um rácio muito acima das exigências", frisou o CFO, Manuel Preto.
O rácio de crédito sobre depósitos ascendeu a 117,7 pct, mais 8,7 pontos percentuais que há um ano.
Ao nível do balanço, o crédito bruto aumentou 4,6 pct para 35.312 ME, principalmente apoiado pela subida de 13 pct do crédito a empresas.
Os depósitos deslizaram 1,3 pct para 27.550 ME.
As comissões líquidas cresceram 4,7 pct para 249 ME. Os custos operacionais recorrentes desceram 7,3 pct para 392 ME, com menos custos de pessoal e "gastos gerais". O banco conta com cerca de 5.580 trabalhadores.
O rácio de custos operacionais sobre o produto bancário agravou 2 pontos percentuais para 45,2 pct.
O CFO explicou que um "reajustamento da carteira de dívida pública reduziu o peso no produto bancário do banco".
O banco sublinhou a "melhoria significativa" da qualidade de crédito. O rácio de crédito em incumprimento desceu 0,6 pontos percentuais para 3,4 pct e o de crédito em risco diminuiu 2,4 pontos percentuais para 4 pct.
Os activos financeiros do banco diminuíram cerca de 1.600 ME para 7.511 ME.
O CEO, António Vieira Monteiro, explicou que o banco vendeu cerca de 1.000 ME em obrigações soberanas, realizando um encaixe de 20 ME.
Referiu também que o Santander Totta tem concluído vendas de carteiras de crédito, encaixando mais-valias. "Isto porque estamos devidamente provisionados. É isso que falta a alguns dos nossos concorrentes", disse.
NOVO CICLO
António Vieira Monteiro disse que desconhece os contornos da proposta do Ministério das Finanças de uma plataforma de gestão conjunta do malparado para grandes créditos problemáticos comuns à Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp e Novo Banco.
"Não conheço a plataforma () não vamos participar", vincou.
A conclusão da venda do Novo Banco, três anos após ter nascido dos escombros da resolução do Banco Espírito Santo, é vista como um marco para o sector.
"É uma operação positiva", disse, acrescentando que o sector financeiro será agora capaz de dar uma maior apoio à economia e que o Santander Totta poderá avaliar comprar activos que o Novo Banco possa eventualmente vir a disponibilizar.
"Não tinha pensado nisso (sobre comprar activos do Novo Banco). Se houver alguma coisa que tenhamos capacidade e se possa comprar, acho que sim. Estou mais preocupado em vender os meus (activos)", disse António Vieira Monteiro.
(Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)