(Acrescenta comentários gestores dívida)
LISBOA, 21 Set (Reuters) - Portugal colocou 2.250 milhões de euros (ME) de Bilhetes do Tesouro (BT) a seis e 12 meses, aproveitando as taxas negativas para superar largamente o montante previsto, numa altura em que as 'yields' da dívida portuguesa estão a recuar após a volatilidade da semana passada, segundo gestores.
O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 500 ME de BT a seis meses e 1.750 ME a 12 meses.
O montante indicativo era entre 1.500 ME e 1.750 ME.
No prazo mais curto, a taxa média ponderada (TMP) caiu para para -0,033 pct, dos -0,003 pct num leilão em Julho.
Na maturidade a 12 meses, a TMP recuou para terreno negativo, nos -0,014 pct, face à 'yield' média de 0,007 pct num leilão de maturidade a 11 meses, em Agosto.
"Foi um bom leilão. O incremento do montante mostra que o Tesouro quis tirar partido da descida das taxas em ambas as maturidades e face à escalada na curva portuguesa nas últimas semanas, e também porque estamos na recta final do ano e há que evitar eventuais surpresas do mercado", disse Filipe Silva, gestor de dívida do Banco Carregosa, no Porto.
No mercado secundário, a taxa das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos recua 3 pontos base para 3,30 pct.
Essa taxa da dívida 'benchmark' portuguesa chegou a ultrapassar a fasquia dos 3,50 pct na sexta-feira com receios sobre o 'rating' soberano e alertas sobre a capacidade do Governo em atingir as metas orçamentais.
No entanto, a tendência de subida inverteu esta semana após a Standard & Poor's ter mantido a notação da República inalterada e o Banco de Portugal ter rejeitado que a compra de dívida portuguesa no âmbito do programa do BCE esteja a chegar aos limites.
"Riscos? Riscos só se o Governo se desviar muito das políticas europeias, mas temos ainda o suporte do BCE", disse Filipe Silva.
"Os investidores continuam com bastante apetite por Portugal, não vêem riscos de mercado e daí termos tido este nível de procura para as emissões que temos", adiantou.
A procura de BT no leilão a seis meses excedeu a oferta em 2,04 vezes face a 1,9 vezes no leilão anterior e a colocação a 12 meses registou um rácio bid-to-cover de 1,60 vezes, comparado com 2,3 vezes no leilão de papel a 11 meses em Agosto.
"Embora se registe um ambiente de taxas de juro muito baixas, levando a que os investidores sejam obrigados a assumir mais risco, os resultados do leilão poderão indicar alguma confiança no curto prazo", previu Marisa Cabrita, gestora de activos da Orey Financial, emn Lisboa (Por Patricia Vicente Rua e Daniel Alvarenga; Escrito por Shrikesh Laxmidas)