Por Catarina Demony
LISBOA, 23 Mai (Reuters) - Estudar economia e gestão de empresas numa das melhores 'business schools' mundiais e ir à praia nos intervalos das aulas é um conceito pouco convencional, mas é a arrojada estratégia da Nova SBE para o seu novo 'campus' universitário em Carcavelos.
"Welcome to the Nova way of life".
Foi assim que Daniel Traça, reitor da Nova SBE, apresentou ao público o futuro 'campus', que visa um "estilo de vida californiano" no sul da Europa.
O complexo universitário já está em construção desde 2015, após a universidade ter anunciado que iria "mudar de casa" de Campolide, no centro da capital, para a linha de Cascais.
Com um túnel subterrâneo que dá acesso directo ao areal e esplanadas com vista para o mar, a universidade - entre as 25 melhores escolas de negócios mundiais segundo o Financial Times - vai continuar a oferecer licenciaturas, mestrados, doutoramentos e o 'Lisbon MBA', que está no top 20 da Europa.
"Neste campus vamos poder estar aqui, a olhar o horizonte maravilhoso de Carcavelos, e pensar que o mundo, com todos os desafios que tem, pode ser melhor se nós, as universidades, assumirmos a nossa responsibilidade de reflectir nos problemas, trazer soluções e mudanças," disse Daniel Traça.
PERTO DO MAR
Pedro Santa Clara, o professor de finanças que desenvolveu o projecto do 'campus', acredita que a universidade vai destacar-se de outras 'business schools' devido ao "estilo de vida extraordinário" que vai proporcionar a quem escolher lá estudar.
Adiantou que "a indústria do ensino superior é, talvez, a indústria mais competitiva do mundo", na qual estudantes não só optam por uma universidade de excelência, mas também procuram uma espaço que ofereça uma "proposta de vida interessante".
Neste caso, mesmo em cima da praia - um dos 'spots' de surf mais conhecidos no país.
"Vai ser muito mais do que uma escola tradicional, em que as pessoas vão às aulas e estudam para os exames," garantiu Santa Clara. O campus ambiciona ser um "acelerador de start-ups", um "laboratório de inovação com empresas" e um "centro de debate" sobre assuntos sociais.
O novo complexo da faculdade, que tem 90 mil metros quadrados, foi integralmente financiado por privados e empresas, como a Jerónimo Martins, o banco Santander (MC:SAN) Totta e a família Soares dos Santos, numa campanha que já angariou cerca de 37 milhões de euros (ME) dos 50 ME necessários para acabar a construção.
A Câmara Municipal de Cascais, que doou o terreno, os CTT (LS:CTT), o BPI (LS:BBPI), a EY e a Navigator são alguns dos outros parceiros corporativos a apoiar a campanha.
Um dos objectivos da Nova SBE é tornar-se numa "escola para o mundo", atraindo mais estudantes internacionais que, segundo Santa Clara, é "um pouco como o turismo".
Em 2017, 59 pct das candidaturas para mestrados na Nova SBE, que foi a primeira universidade portuguesa a dar aulas na língua inglesa, já vieram de fora do país.
START-UPS E NOVAS TECNOLOGIAS
Quando a universidade abrir portas a 3.000 alunos em Setembro deste ano, vai contar com uma "loja do futuro", desenvolvida pela Jerónimo Martins.
Aí, os alunos poderão experimentar novos métodos de pagamento, uma espécie de Amazon (NASDAQ:AMZN) Go.
Com um 'Experience Hub', patrocinado pela Cisco (NASDAQ:CSCO) e pela Microsoft (NASDAQ:MSFT), o corpo estudantil testará novas tecnologias, como o reconhecimento facial, robótica e inteligência artificial.
Para além das salas de aulas e gabinetes de professores, o 'campus' também vai ter uma praça da energética EDP (LS:EDP), destinada a diversas iniciativas, tal como concertos, e um balcão do Santander a pensar no futuro dos balcões bancários "numa altura em que toda a gente faz transacções online".
Santa Clara, que já ensinou na UCLA nos EUA, descreveu o 'campus' como "único no mundo", não só pela localização física mas por "trazer para dentro da escola as empresas, as start-ups e a comunidade".
DOBRAR ALUNOS
Explicou que "quando um grupo de alunos estrangeiros, inteligentes, ambiciosos e com vontade de ter impacto, estudam cá, desenvolvem cá as suas redes de contactos, um carinho especial pelo país e depois, nas suas carreiras internacionais, vão seguramente ter um lugar para Portugal."
"Esta rede pode ser um enorme apoio à internacionalização de Portugal e da nossa economia," disse Santa Clara.
Nos próximos 10 anos, e com a ajuda do novo espaço, a Nova SBE pretende duplicar o número de alunos para 6,000, confirmou Marta Assunção, directora de marca e comunicação da Nova SBE.
A convidar a comunidade a visitar o campus, que vai inaugurar no dia 29 de setembro de 2018, Santa Clara concluiu: "É uma universidade para todos."
(Por Catarina Demony; Editado por Sérgio Gonçalves)