(Acrescenta comentário de portfolio manager PraXis, mais detalhes)
Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 24 Jul (Reuters) - O Fundo MFS-Massachusetts Financial Services, o maior accionista minoritário da EDP (SA:ENBR3) Renováveis EDPR.LS , vai votar contra a Oferta Pública de Aquisição lançada pela casa-mãe EDP e urgiu outros a fazê-lo, porque o preço oferecido é muito baixo.
Numa carta, o fundo da gestora Maura Shaughnessy, que detém 4,08 pct dos direitos de voto da EDPR ou 18,3 pct do 'free float', reiterou a sua desilusão com os termos da OPA.
"A MFS não tenciona aceitar o preço de 6,75 euros nas circunstâncias actuais. Incentivamos outros accionistas minoritários a rever a nossa análise quando estiverem a determinar os méritos da oferta", referiu a MFS.
A maior 'utility' portuguesa EDP lançou no final de Março um 'takeover' sobre os 22,5 pct que não detém na subsidiária para as energias renováveis, afirmando a intenção de reformular o portfólio.
A 6 de Julho, o CEO da EDP, António Mexia, disse que não vai subir o preço, porque aquele é justo, e quer tirar a EDPR de Bolsa, explorando opções de maior integração como uma fusão das duas 'utilities' se não conseguir mais de 90 pct dos direitos de voto daquela subsidiária. Fundo MFS afirmou que "o prospecto não explica claramente os direitos dos accionistas minoritários em caso de um 'cross border merger'".
Referiu ainda que a avaliação de 'enterprise value' sobre megawatt adiantada pela EDP não toma em consideração o 'pipeline' considerável de nova capacidade a ser instalada pela EDPR, e que a lista de empresas comparáveis usada inclui entidades com modelos de negócios "completamente diferentes".
"Na nossa opinião, a informação incluída no prospecto não providencia uma visão equilibrada e fiel do valor intrínseco da EDPR. As metodologias usadas parecem levar os valores para favorecer a EDP e prejudicar os accionistas minoritários da EDPR", afirmou a MFS.
A Oferta da EDP termina a 3 de Agosto.
Roland Vetter, Portfolio Manager da PraXis Partners, disse que "deverá ajudar se mais accionistas mantiverem as suas acções e a EDP não atingir 90 pct dos direitos de voto, necessários para retirar a EDPR de Bolsa".
"Nessa altura, as opções que permanecem para a EDP são: 1) aumentar a oferta; 2)forçar um 'merger'; 3) desistir. No caso de um 'merger' forçado, a protecção dos minoritários é muito melhor".
"Se a EDPR desistir, as acções também deverão recuperar, porque as acções têm estão numa grande 'underperformance' face aos pares como a Dong".
Contudo, segundo alguns analistas e gestores, a EDP tem fortes chances de ficar com quase 100 pct da EDP Renováveis sem subir o preço do seu 'bid', pois os minoritários insatisfeitos estão sob enorme pressão para venderem as acções, senão arriscam ficar 'prisioneiros' de um activo ilíquido e cuja cotação tenderá a descer. Maio, Octávio Viana, Presidente da ATM-Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM)avisou que os minoritários têm de pensar muito bem, antes de decidirem não vender as suas acções, pois até podem perder mais.
Explicou que, mesmo que obtenha o controlo de 90 pct do capital social com a oferta, é improvável que a EDP atinja 90 pct dos direitos de voto abrangidos pela operação, o que, segundo a actual regulação, é um pré-requisito tanto para uma compra potestativa pela EDP como para uma alienação potestativa pelos minoritários a seguir à OPA.
Em suma, quem não vender poderá ficar num 'limbo', detendo um activo sem liquidez. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)