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Por Sergio Goncalves
LISBOA, 25 Out (Reuters) - O lucro atribuível da Jerónimo Martins JMT.LS fixou em 112 milhões de euros (ME), ligeiramente abaixo do previsto, mas com a unidade polaca Biedronka a liderar a performance com um forte crescimento das vendas trimestrais 'like-for-like', anunciou a retalhista.
A Jerónimo Martins - número dois do retalho em Portugal e a maior retalhista alimentar da Polónia - tinha tido um lucro de 330 ME há um ano atrás, quando teve uma forte mais-valia superior a 220 ME com a venda da Monterroio.
As vendas e prestação de serviços consolidados cresceram 10,4 pct para 4.172 ME e o EBITDA-lucro antes de juros, importos, depreciações e amortizações aumentou 6,0 pct para 253 ME.
Na polaca Biedronka, as vendas, em moeda local, cresceram 10,5 pct no terceiro trimestre, com as vendas 'like-for-like' a aumentarem 8,9 pct. No Pingo Doce, as vendas aumentaram 1,3 pct, mas com o 'LFl' excluíndo combustível a descer 0,9 pct, enquanto no Recheio subiram 5,9 pct e o LFL aumentou 4,9 pct.
Uma Poll de sete analistas consultados pela Reuters previa que a Jerónimo Martins tivesse um lucro de 116,5 ME no terceiro trimestre, vendas consolidadas de 4.161,6 ME e um EBITDA de 256 ME.
"Depois de três trimestres de desempenho sólido, reafirmo a confiança na capacidade dos nossos negócios entregarem um ano positivo, assim como o nosso compromisso com uma estratégia de crescimento que conjuga medidas necessárias ao reforço das lideranças de mercado no curto prazo com investimentos em activos fixos e margem que garantam a solidez dos negócios no médio-longo prazo", disse o CEO Pedro Soares dos Santos.
Adiantou: "n quarto trimestre continuaremos focados nas vendas e no reforço das posições de mercado em todos os países onde operamos".
"Para a Biedronka, que enfrentará a comparação homóloga mais difícil do ano, os últimos três meses serão dedicados à dinamização das vendas e à conclusão do programa de investimento, incluindo a abertura de um centro de distribuição, de cerca de 70 novas lojas e a remodelação de cerca de 70 unidades", afirmou Pedro Soares dos Santos.
"Espera-se que o contexto na Polónia se mantenha desafiante, com uma forte intensidade concorrencial e elevada pressão sobre os custos, particularmente os relacionados com o trabalho", disse.
Mas, "isto não impede a Biedronka de estar confiante de que manterá a sua margem EBITDA relativamente estável no ano, apostando nas vendas como principal motor da rentabilidade".
Também "o Pingo Doce e o Recheio manterão as vendas como sua primeira prioridade".
"No Pingo Doce, o processo de revisão e ajustamento dos pacotes remuneratórios que se encontra em curso exercerá, já no quarto trimestre, uma pressão adicional sobre a margem EBITDA que se espera venha a ser parcialmente compensada pelo bom desempenho da Companhia", acrescentou o CEO.
Explicou que, "na Colômbia, o último trimestre do ano somará cerca de 60 lojas à cadeia Ara, que avança com a construção da sua infraestrutura logística e com um ambicioso programa de recrutamento e formação para suportar o esforço de expansão".
"Em linha com o esperado, as perdas geradas pela Ara e pela Hebe ao nível do EBITDA deverão aumentar cerca de 30 pct quando comparadas com as do ano anterior, a taxas de câmbio constantes".
Afirmou que "o cumprimento do programa de capex definido para o ano em cerca de 700 ME é uma das condições essenciais para permitir aos nossos negócios prosseguirem o reforço das suas posições de mercado e alimentarem a capacidade do Grupo de continuar a crescer".
9-MESES
No computo dos nove meses, o Grupo Jerónimo Martins teve um lucro atribuível de 285 ME, sendo que, "excluindo dos nove meses de 2016 a contribuição da Monterroio e a respectiva mais-valia na venda, os resultados cresceram 7,1 pct".
O EBITDA do Grupo foi de 669 ME nos nove meses, um crescimento de 6,7 pct relativamente ao ano anterior ou de 5,1 pct a taxas de câmbio constantes.
O EBITDA da Biedronka foi de 583 ME, 13,9 pct acima do registado há um ano ou mais 11,5 pct a taxa de câmbio constante.
"A margem EBITDA foi de 7,2 pct, sensivelmente em linha com a do ano anterior. Este sólido desempenho ao nível do EBITDA foi resultado directo do foco nas vendas e do forte momentum do LFL, que compensou o crescimento dos custos de pessoal".
O Pingo Doce e o Recheio registaram um EBITDA conjunto de 177 ME, 1 pct acima dos nove meses de 2016. A respectiva margem foi de 5,2 pct, com a descida em relação ao mesmo período do ano anterior a reflectir, essencialmente, a pressão provocada pelo menor LFL do Pingo Doce no terceiro trimestre.
"Concluídos nove meses de um ano exigente e desafiante, e em resultado da priorização absoluta das vendas, todas as nossas insígnias reforçaram as suas quotas de mercado, com destaque para o forte desempenho da Biedronka", referiu o CEO.
Adiantou que "a gestão rigorosa do sortido permanente em conjugação com a dinâmica promocional e de ofertas temporárias permitiu à cadeia reforçar a sua liderança do retalho alimentar na Polónia".
"Em Portugal, e mesmo sofrendo o impacto da deflação registada na categoria de frutas e legumes, o Pingo Doce manteve a robustez da sua posição de mercado". O terceiro trimestre foi também positivo para o Recheio, "que soube capturar as oportunidades e vantagens de um canal HoReCa revitalizado".
"Num contexto de subida dos salários mínimos em Portugal e na Polónia, o Pingo Doce iniciou, depois da Biedronka o ter feito, uma revisão dos seus pacotes remuneratórios", afirmou.
"Na Colômbia, a Ara prossegue o ajustamento do seu modelo e está a concretizar o ambicioso plano de expansão, com um foco particular nas oportunidades e desafios da região de Bogotá".
(Por Sérgio Gonçalves)