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Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 30 Out (Reuters) - O lucro da petrolífera Galp Energia GALP.LS cresceu 45 pct para 166 milhões de euros (ME) no terceiro trimestre de 2017, apoiado no aumento da produção e dos preços do petróleo, e no negócio de refinação, embora abaixo da previsão de uma Poll.
O EBITDA RCA-replacement cost adjusted, ajustado a efeitos de stock e eventos não recorrentes, expandiu 27 pct para 487 ME.
Uma Poll apontava para 175 ME de lucro e 497 ME de EBITDA. O consenso de analistas da própria Galp, com as estimativas de 26 analistas, era de 169 ME de lucro e 487 ME de EBITDA.
"O EBITDA foi marginalmente abaixo das nossas estimativas, mas em linha com as estimativas do consenso, já o resultado líquido foi também ligeiramente abaixo das nossas estimativas e das estimativas de mercado", disse Carlos Jesus, analista do CaixaBI.
Os analistas do Jefferies, Marc Kofler e Jason Gammel, disseram que os resultados foram bastante robustos. "O balanço da Galp é robusto e o ciclo de 'cash' continua a impressionar, apesar dos desafios macro e no Brasil", disseram.
O fluxo de caixa da Galp foi negativo no terceiro trimestre, mas positivo nos conjunto dos nove meses.
MAIS BRASIL
Na sexta-feira, a Galp anunciou a compra de uma participação de 20 pct no Norte Carcará da bacia de Santos, num crucial leilão no Brasil, e o reforço da participação no bloco BM-S-8, que já é um importante activo.
Numa apresentação aos investidores publicada hoje, a Galp fixou um 'guidance' de capex entre 1.000 e 1.100 ME no conjunto de 2017, incorporando o 'bid' no Brasil, contra 1.200 ME em 2016 e 638 ME nos primeiros nove meses de 2017.
"Esperamos que sejam recolhidos pelo menos 2.000 milhões de barris de petróleo de alta qualidade das áreas unitizadas através de uma forte parceria", afirmou a Galp.
A Galp participa na nova área de Carcará Norte através de um consórcio com a Statoil e ExxonMobil (NYSE:XOM).
"Na nossa opinião esta é uma notícia positiva para a Galp, na medida em que permite à empresa não diluir a sua exposição ao Carcará", disse Carlos Jesus, analista do CaixaBI.
"Acreditamos que o reservatório de Carcará, que se estende para lá do bloco BM-S-8 para Norte de Carcará, possui excelentes propriedades geológicas que impactam, de forma positiva, os custos de produção e produtividade".
A aposta da petrolífera portuguesa no Brasil é cada vez mais profunda. Cerca de 88 pct do investimento este ano foi alocado à 'exploração e produção', 70 pct do qual no Brasil.
A Jefferies contudo afirmou que: "a expansão no Brasil não foi um grande choque para nós, contudo, o 'upside' não é particularmente impressionante". Esta visão é partilhada por exemplo pelo Haitong, que classificou o 'bid' como "muito agressivo". E ENERGIA CONTRAI
O EBITDA-lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações melhorou nas principais unidades de produção e refinação, mas caiu 37 pct para 45 ME no segmento de 'gás & energia'.
O fluxo de caixa após dividendos manteve-se negativo em 37 ME. A dívida líquida, considerando um empréstimo de 512 ME à chinesa Sinopec como caixa, desceu 11 pct para 1.455 ME. Não incluindo este empréstimo à Sinopec, a dívida líquida agravou para 1.967 ME, de 1.870 ME no final de 2016.
As vendas e prestações de serviços aumentaram 11 pct para 3.892 ME, enquanto que o custo de mercadorias vendidas subiu 9 pct para 2.966 ME.
MARGEM REFINAÇÃO DISPARA
Operacionalmente, a Galp beneficiou do aumento homólogo do preço do petróleo. A produção média 'working interest', cresceu 47 pct em termos homólogos para 90,8 kboep-milhares de barris de petróleo por dia.
Já o preço médio de venda de petróleo e gás natural subiu 31 pct para 44,4 dólares por barril.
A margem de refinação da Galp cresceu 54 pct para 6,1 dólares por barril.
As acções da Galp sobem 0,2 pct para 15,6 euros. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)