Por Patricia Vicente Rua
LISBOA, 23 Ago (Reuters) - O Novo Banco, controlado pela norte-americana Lone Star, teve um prejuízo de 231,2 milhões de euros (ME) no primeiro semestre de 2018, face a um resultado também negativo de 290,3 ME no semestre homólogo do ano anterior, anunciou o banco.
Explicou que o semestre contou com "dois efeitos de carácter extraordinário: efeito negativo das ofertas de aquisição e de troca (-79 ME) e a anulação de prejuízos fiscais reportáveis (-31 ME)", realçando que "sem estes dois efeitos, o Grupo Novo Banco teria apresentado um resultado negativo de 121,2 ME no primeiro semestre de 2018".
O Novo Banco realizou com sucesso a emissão de obrigações subordinadas Tier 2 no montante de 400 ME o que permitiu o aumento do rácio provisório de capital total para 14,7 pct no final do semestre.
"A performance do Banco no primeiro semestre está em linha com os Planos de Negócios já apresentado aos diversos stakeholders", disse o CEO do Novo Banco, António Ramalho, sublinhando que "a restruturação do Banco ainda vai exigir tempo e dinheiro".
O terceiro maior banco português deixou de ter estatuto de transição a partir de 18 de Outubro, na sequência do fundo norte-americano Lone Star ter comprado 75 pct do seu capital ao Fundo de Resolução.
MARGEM CAI, COMISSÕES SOBEM
A margem financeira -- diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos -- caiu 4,1 pct para 202 ME "em função do deleverage realizado", enquanto a evolução das comissões se saldou por um crescimento de 1,7 pct.
A evolução dos resultados de operações financeiras, que no semestre foram negativos em 6,3 ME, reflete a absorção dos ganhos nesta área pelas ofertas de aquisição e de troca realizadas no final do segundo trimestre de 2018.
O produto bancário comercial desceu 1,6 pct para 361,1 ME e o produto bancário caiu 20,8 pct para 345,8 ME, em termos homólogos. O resultado operacional caiu 40,7 pct para 101,7 ME.
Os custos operativos no valor de 244,2 ME evidenciaram uma quebra de 7,9 pct face a Junho de 2017, reflexo das melhorias concretizadas ao nível da simplificação dos processos e da optimização das estruturas com a consequente redução de balcões e de colaboradores.
Já o resultado operacional comercial, sem resultados em operações financeiras, subiu 14,8 pct atingindo 116,9 ME contra 101,8 ME no período homólogo.
MENOS IMPARIDADES E PROVISÕES
Neste semestre, as imparidades ascenderam a 248,4 ME, que comparam com 413,1 ME nos primeiros seis meses de 2017, com a imparidade para crédito a situar-se em 199,6 ME, face a 258,3 ME apurados no período homólogo.
O Novo Banco sublinha ainda que tem os seus rácios de CET1 e Tier 1 protegidos até aos montantes das perdas já verificadas nos activos protegidos pelo Mecanismo de Capital Contingente.
Assim, o rácio provisório de capital Common Equity Tier 1 foi de 13,5 pct e o rácio provisório de capital total de 14,7 pct.
"A 30 de Junho de 2018, o Novo Banco cumpre todos os rácios de capital exigidos pelo Banco Central Europeu (BCE) no âmbito do Processo de Revisão e Avaliação de Supervisão (SREP). Estima que os requisitos obrigatórios ao nível do capital no âmbito do SREP serão reavaliados pelo BCE no segundo semestre de 2018", frisou.
O banco sublinhou ainda que "no semestre continuou a redução dos non-performing loans ou crédito não produtiv (NPL) cujo rácio continuou a melhorar situando-se nos 28,7 pct, -3,4 pct que o homólogo, provisionado em 63 pct, mais 11,8 pct que no período homólogo.
O rácio de NPLs líquido de imparidades desceu de 15,7 pct em Junho de 2017 para 10,6 pct neste semestre, uma redução de cerca de 33 pct.
LIQUIDEZ
No final do primeiro semestre de 2018, o rácio regulamentar de liquidez Liquidity Coverage Ratio (LCR) ascendeu a 138 pct, o que traduz a melhoria da posição de liquidez do Novo Banco, com um aumento de 15 pontos percentuais (p.p.) face ao primeiro trimestre de 2018.
O rácio de transformação de 87 pct registou uma redução de 19 p.p. face a 30 de junho de 2017, em resultado da evolução positiva das suas componentes - crescimento dos depósitos e redução do crédito.
Os depósitos de clientes representavam 57 pct do activo continuando a constituir-se como a principal fonte de financiamento da atividade.
(Por Patrícia Vicente Rua)