LISBOA, 22 Jun (Reuters) - A região do Algarve, uma das mais dependentes do turismo em Portugal, viu o número de desempregados triplicar em Maio em comparação com o ano passado, com a crise do coronavírus a afastar os visitantes estrangeiros e a acabar assim com milhares de empregos sazonais, revelaram dados do IEFP na segunda-feira.
Em Portugal, como um todo, o total de pessoas sem emprego aumentou 34% em relação ao ano anterior, para quase 409.000 pessoas, mostraram os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
O Banco de Portugal previu na semana passada que a taxa de desemprego, que tinha vindo a cair constantemente sob o Executivo socialista para 6,5% em 2019, irá saltar para 10,1% este ano, um pouco acima da estimativa do próprio governo de 9,6%. Algarve, a sul do país, famoso pelas praias e campos de golfe, o número total de pessoas desempregadas subiu para 27.675 em Maio, desde 9.153 no mesmo mês em 2019.
No entanto, o número de novos registos de desemprego caiu para 1.296 em Maio, de 4.700 em Abril, com Portugal a eliminar gradualmente as restrições para evitar o contágio.
Sem turistas à vista, mesmo aqueles que não perderam o emprego têm medo do que o futuro lhes reserva.
"Eu sei que pode ser estranho dizer isto, mas nós precisamos dos estrangeiros para podermos trabalhar", diz Daniela Valério, 32 anos. Daniela trabalha num pub na Marina de Vilamoura, que geralmente está lotado de turistas nesta época do ano. "Os estrangeiros pagam os nossos salários," acrescenta.
A indústria do turismo contribuiu 14,6% para o Produto Interno Bruto em 2018, de acordo com os dados oficiais mais recentes, e ajudou a impulsionar a recuperação de uma grave crise da dívida entre 2010-14.
Portugal registou mais de 39 mil casos de coronavírus e mais de 1.500 mortes, muito menos do que na vizinha Espanha.
Mas várias centenas de novos casos de coronavírus por dia e um surto crescente após uma festa no Algarve ameaçam a imagem do país como um destino de férias seguro. original em inglês: (Reportagem de Catarina Demony, em português por Maria Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)