LISBOA, 3 Fev (Reuters) - A 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos inverteu das subidas e alivia agora 4 pontos base para 4,1 pct, em sintonia com as pares, após o dados do emprego nos Estados Unidos indicarem que a visão de uma forte pressão inflacionista poderá ser exagerada.
Os 'nonfarm payrolls' aumentaram 227.000 em Dezembro, mais que o esperado, mas a taxa de desemprego subiu para 4,8 pct e os salários cresceram modestamente, sugerindo que as pressões inflacionistas do mercado laboral poderão não ser tão fortes como os investidores temiam. investidores na dívida portuguesa aguardam a actualização da visão da Fitch sobre o soberano.
Na semana passada, a Fitch disse que a banca de Portugal, que é das mais vulneráveis da Europa, vai manter o pesado 'fardo' de activos problemáticos até ao final de 2017. Referiu ainda que vê o sector financeiro numa encruzilhada e como factor-chave para o risco soberano. Fitch atribui um rating BB+ estável à dívida de Portugal, ainda em terreno especulativo.
O Commerzbank disse na sua nota semanal que, apesar de esperar que a Fitch confirme o 'outlook' estável, os riscos "estão firmemente no sentido negativo" dado o elevado nível de saldo vivo da dívida, fraco crescimento económico e o legado de problemas no sistema finaneiro.
Portugal agendou para 8 de Fevereiro a colocação de até 1.250 milhões de euros de obrigações do tesouro a cinco e sete anos, no primeiro leilão de 2017, após uma colocação sindicada, e numa altura em que o mercado tem sido pautado por um agravamento geral dos custos de financiamento. dívida portuguesa tem negociado com um prémio significativo de cerca de 370 pontos base face ao 'bund' alemão.
Segundo dados da Starmine PTGV1YDP=SM , a probabilidade de 'default' de Portugal nos próximos 12 meses segue nos 4,52 pct, contra 3,5 pct em Dezembro de 2016 e em comparação, por exemplo, com a probabilidade de 0,18 pct da Alemanha DEGV1YDP=SM .
Segue tabela com 'yields' Bonds: Obrigações Tesouro
Yield
Yield
Actual (%)
Anterior (%) Portugal 10 anos
+4,10
+4,14 PT10YT=TWEB
Portugal 5 anos
+2,02
+2,04
PT5YT=TWEB
Portugal 2 anos
+0,08
+0,11
PT2YT=TWEB
Alemanha 10 anos
+0,41
+0,43
DE10YT=TWEB
Espanha 10 anos
+1,63
+1,64 ES10YT=TWEB
Itália 10 anos
+2,23
+2,23 IT10YT=TWEB
Grécia 10 anos
+7,62
+7,67 GR10YT=TWEB
Probabilidade 'Default' Dados StarMine ThomsonReuters
Período
Portugal Espanha Grécia Itália França Alemanha 12 Meses 4,52%
2,21%
16,81% 2,63% 0,39% 0,18 % 2 anos
4,81%
2,05%
23,30% 2,79% 0,28% 0,11% 3 anos
5,69%
3,10%
34,14% 3,32% 0,29% 0,08% 5 anos
7,07%
3,92%
33,64% 3,54% 0,33% 0,09% 7 anos
7,07%
4,36%
30,61% 3,40% 0,33% 0,07% 10 anos 7,66%
4,64%
26,86% 3,92% 0,36% 0,08% Rating implícito de Portugal: B+
NOTA TÉCNICA:
O modelo de risco soberano da StarMine avalia um vasto conjunto de dados macro económicos, de mercado e políticos para estimar a probabilidade de um Governo Soberano incumprir o pagamento da sua dívida num determinado período de tempo.
O modelo produz estimativas da probabilidade anualizada de 'default' e traduz a probabilidade numa notação soberana tradicional.
Este modelo utiliza uma arquitectura de regressão, que inlui o histórico de mais de 30 anos de eventos de crédito soberano, incluindo 'defaults', ou seja pagamentos falhados, reestruturações sob stress, ou seja dívida emitida em termos menos favoráveis, e recalendarizações de dívida sob os auspícios do Clube de Paris.
Os 'drivers' primários são dados macro económicos do 'datastream' da ThomsonReuters. Também são usados dados adicionais de mercado e de risco político para gerar um quadro completo do risco soberano.
Em termos específicos, inclui:
* Nível e mudanças no montante de dívida soberana face ao Produto Interno Bruto.
* Dimensão e crescimento da economia do país
* O nível de crédito providenciado pelos bancos do sector privado
* O nível e variações de reservas cambiais
* O nível de consumo público face ao consumo privado
* Importação de bens e serviços relativamente ao Produto Interno Bruto.
* Taxa de inflação e poder de compra da moeda
* Mudança anual da taxa de câmbio
* Reservas face às importações
* PIB per capita
* Nível de desemprego
* Risco político integrado medido pelo Thomson Reuters World-Check (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)