LONDRES, 10 Fev (Reuters) - As taxas de juro dos títulos da dívida pública da zona do euro estão em alta esta sexta-feira, com os dados económicos positivos da China e a promessa do presidente dos EUA, Donald Trump, de fazer um importante anúncio em matéria fiscal a reforçarem as preocupações na Europa acerca de um aumento generalizado da inflação.
Na quinta-feira, Trump disse que nas próximas semanas vai anunciar algo "fenomenal" em matéria de impostos e de desenvolvimento da infra-estrutura da aviação dos EUA.
As especulações em torno das políticas económicas de Trump deverão ajudar a impulsionar o aumento da inflação, elevando também o rendimentos dos yields dos títulos do tesouro dos EUA. Por outro lado, os números positivos do comércio chinês em Janeiro, anunciados esta sexta-feira, também apontam para a tendência no sentido do aumento da inflação.
Além disso, Trump mudou de postura e concordou em aceitar a visão política de uma "China única", durante um telefonema com o presidente chinês, encarado como um grande gesto diplomático para Pequim, que não tolera nenhum comentário às reivindicações independentistas do vizinho Taiwan.
Os comentários ajudaram a aliviar as preocupações dos investidores relativamente aos riscos geopolíticos, impulsionando os mercados accionistas.
"Tivemos os comentários de Trump acerca da reforma tributária, o telefonema com a China e dados de comércio bastante interessantes da China. Perante isto, temos novamente um clima de risco nos mercados (obrigações)", disse Rene Albrecht, do DZ Bank.
A maioria das taxas de juro das obrigações da zona euro sobe entre 2 a 6 pontos base esta sexta-feira. Continuam no horizonte uma série de riscos políticos na Europa, incluindo uma preocupação renovada com a Grécia e a possível renegociação da sua dívida.
A taxa das yields da Alemanha a 10 anos chegou a subir 1,5 pontos base para os 0,32 por cento DE10YT=TWEB , mas a tendência aponta para que encerre a semana com um recuo de cerca de 9 pontos base, o mínimo de sete semanas. Em França, a taxa a 10 anos sobe esta sexta-feira 4 pontos base para 1,03 por cento.
Nos últimos dois dias, os investidores retiraram algumas das suas apostas mais agressivas contra os títulos franceses, permitindo que o mercado recuperasse. Na passada segunda-feira, a 'yield' dos títulos franceses atingiu um máximo de 17 meses, devido a receios de um forte resultado eleitoral da líder da extrema-direita Marine Le Pen nas presidenciais francesas.
Além das inquietações com os riscos políticos noutros países da zona do euro, as preocupações de que o Banco Central Europeu possa abrandar o seu forte estímulo à compra de títulos também prejudicaram os mercados nas últimas semanas.
O banco Société Générale (PA:SOGN) disse que o receio de um 'Armagedão' em torno das eleições presidenciais franceses é um exagero.
Versão completa em inglês: (Reportagem de Dhara Ranasinghe; traduzido para português por by Daniel Lourenço em Gdynia;Editado em português por Daniel Alvarenga em Lisboa)