Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 12 Jul (Reuters) - O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, está preocupado com o risco de desmembramento e perda de postos de trabalho na PT, comprada pela Altice ATCA.AS em 2015, receando pelo futuro da incumbente, que é a maior telecom de Portugal.
No debate do Estado da Nação no Parlamento, em resposta a perguntas sobre a maior telecom em Portugal, levantadas pelo deputado do Partido Comunista João Oliveira, António Costa afirmou:"partilho consigo os receios sobre a evolução da PT".
"Receio bastante que, dada a forma irresponsável como foi feita aquela privatização, possamos vir a ter um novo caso Cimpor e um novo desmembramento que coloca não só em causa os postos de trabalho, como o futuro da empresa".
O primeiro-ministro fez referência à cimenteira Cimpor, privatizada nos anos 90, comprada pela brasileira Camargo Correa em 2012 e cujos activos foram posteriormente divididos entre esta e outra empresa brasileira do sector, a Votorantim.
António Costa pediu aos reguladores para analisarem falhas de telecomunicações durante o combate ao massivo incêndio florestal em Pedrógão Grande em Junho, que matou 64 pessoas.
"Aliás, espero que a autoridade reguladora olhe com atenção o que aconteceu só com estes incêndios de Pedrógrão Grande, com as diferentes operadoras, para compreendermos bem como houve algumas que conseguiram manter sempre as comunicações e houve outra que esteve muito tempo sem conseguir manter comunicações nenhumas. Isto é muito grave".
"Eu cá por mim já fiz a minha escolha da companhia que utilizo".
Os Sindicatos da PT/Altice convocaram uma greve geral dos trabalhadores da PT Portugal para 21 de Julho, referindo que os trabalhadores estão confrontados com "o maior ataque já visto" aos seus direitos e postos de trabalho.
A Altice é a holding do magnata Patrick Drahi, que detém a francesa Numericable-SFR, e várias operadoras internacionais, incluindo as norte-americanas Cablevision e Suddenlink Communications.
A multinacional comprou a PT à brasileira Oi OIBR4.SA por 7.400 milhões de euros, após a fusão desta com a Portugal Telecom ter sido destronada pelo polémico investimento da PT em dívida da Rioforte, do colapsado Grupo Espírito Santo. (Editado por Sérgio Gonçalves)