Por Sergio Goncalves
LISBOA, 30 Jul (Reuters) - Portugal concluiu com sucesso o leilão de direitos de 1.150 megawatts (MW) de nova capacidade de energia solar, cuja forte competitividade entre concorrentes permitiu ao país fixar novos mínimos mundiais de tarifas, disse o secretário de Estado da Energia, João Galamba.
Adiantou que houve "13 concorrentes vencedores, num total de 25 projectos e 22 lotes", sendo que, dos 24 lotes previstos no início, um não teve pretendentes e outro também foi excluído pois apenas teve um concorrente e pelas regras teria de ter pelo menos dois.
João Galamba não quis divulgar os nomes dos vencedores, mas fonte próxima do processo disse que há vários 'players' energéticos europeus, não tendo a EDP-Energias de Portugal, nem a Galp GALP.LS ganho qualquer lote.
Nas localizações onde serão instalados centrais solares realizaram-se leilões em que os vencedores seriam aqueles que oferecessem os maiores descontos à tarifa-base de licitação de 45 euros por megawatt hora (MWh).
"Este primeiro leilão em Portugal foi um sucesso. Houve descontos brutais e, para além de conseguimos os preços mais baixos da Europa, batemos novos mínimos mundiais", disse João Galamba em declarações telefónicas à Reuters.
Explicou que "a tarifa mais baixa do mundo, ou seja 14,76 euros por MWh, foi conseguida num lote grande de 150 MW", enquanto a tarifa média ponderada atribuída no regime garantido foi de 20,33 euros/MWh e a tarifa máxima foi de 31,16 euros/MWh.
Em 2018, a Solar Power Europe referiu num relatório que as mais baixas ofertas em leilões de energia solar a nível mundial tinham ocorrido na Índia, com uma tarifa de 18,6 dólares ou 16,7 euros por MWh.
"O caminho está definido e os resultados alcançados (neste leilão) deixam antever o potencial multiplicador deste mecanismo em futura licitações", frisou João Galamba.
MAIOR SEMPRE
O 'auction' agora concluído é o maior de sempre em qualquer tipo de energia realizado em Portugal e representa quase o dobro da actual capacidade instalada em solar do país, tendo o governo o objectivo de atingir 7.000 MW desta energia renovável até 2030.
Esta nova potência vai significar um investimento por parte dos investidores de cerca de 800 milhões de euros (ME) a 1.000 ME na construção e instalação das novas centrais solares.
"Este leilão mostra que a transição energética, com a qual o Governo está comprometido, não só é possível acelerar fortemente o investimento e a penetração de renováveis em Portugal, como é possível fazê-lo com preços muito baixos", afirmou João Galamba.
Afirmou que "esta é uma extraordinária notícia para as famílias e competitividade das empresas".
"Teremos maior penetração de renováveis, com ganhos muito significativos para os consumidores domésticos e industriais em Portugal", adiantou.
Explicou que as tarifas conseguidas neste leilão se traduzirão em "ganhos efectivos para os consumidores com poupanças de 600 ME em 15 anos, abrangendo cerca de 800 mil a um milhão de famílias". (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)