Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA, 11 Jun (Reuters) - Portugal vai lançar um mega-concurso internacional de 1.400 megawatts (MW) de nova potência solar em 17 de Junho, que está a atrair interesse sobretudo de investidores europeus e asiáticos, e quer passar a fazer dois leilões desta energia renovável por ano, disse João Galamba, secretário de Estado da Energia.
Em declarações à Reuters, adiantou que também será lançado "ainda durante este mês de Junho" o concurso para a prospecção de lítio em Portugal - cujas novas recentes descobertas de reservas são das maiores da Europa Ocidental.
"Quanto ao solar vai ser um leilão de 1.400 MW, que é o maior leilão de qualquer tipo de energia jamais feito em Portugal", disse João Galamba.
Esta nova potência em leilão representa mais de 2 vezes a actual capacidade instalada do solar no país, que é pouco mais de 600 MW, tendo Portugal como objectivo atingir os cerca de 9.000 MW desta energia renovável até 2027.
"Há muitas manifestações de interesse estrangeiros, muitos europeus, mas também temos asiáticos, enquanto americanos são menos. Temos grandes expectativas que será muito concorrencial para beneficiar os consumidores", referiu João Galamba.
O secretário de Estado disse que "a partir de 17 e até 30 de Junho, a plataforma está a funcionar para receber inscrições para o leilão, que vai depois 'correr' electronicamente na primeira ou segunda semana de Julho".
"Depois a ideia é fazermos dois leilões anuais de solar até atingirmos a meta (dos 9.000 MW). Obviamente, as quantidades serão indicativas para o futuro e leiloaremos tanto menos quanto mais rapidamente crescer a produção e consumo descentralizados".
APOSTAR REFINARIA
"Estamos também a finalizar as 'peças' do concurso do lítio. O nosso objectivo foi reforçar significativamente a componente ambiental", disse o secretário de Estado.
Afirmou que "a componente mais importante de todas, é que a atribuição de concessões futuras é condicionada à construção de uma refinaria de lítio em Portugal ou a associação a uma refinaria".
"O objectivo não é um projecto de fomento mineiro, mas de fomento industrial e de conhecimento, e posicionar Portugal numa cadeia de valor das baterias não só para carros eléctricos, mas também para o sistema eléctrico e casas", explicou.
Portugal, que se situou no top 6 dos maiores produtores de lítio do mundo em 2017 com 400 toneladas anuais exclusivamente para a indústria cerâmica, recentemente fez novas descobertas de reservas, das maiores da Europa Ocidental, que estão a atrair players globais.
Em Abril, das 12 áreas identificadas inicialmente para fazerem parte deste concurso do lítio, oito estavam confirmadas, enquanto três tinham sido exlcuídas já por razões ambientais e uma estava ainda em análise.
Um relatório do Governo de Março de 2017 avançava com um valor de investimento inerente às áreas então identificadas da ordem dos 3.254 ME apenas para os 23 pedidos que existiam então, tendo estes aumentado para cerca de 40.
Em Março de 2017, havia 29,7 milhões de toneladas de reservas prospectadas em Portugal, com 0,81 pct de teor médio de óxido de lítio, mas as recentes prospeções da portuguesa Lusorecursos e da britânica Savannah Resources já dão juntas o dobro e com teores muito superiores de bateria.
João Galamba adiantou que, relativamente à pesquisa de lítio, "muita gente não sabe, mas há muitos contratos mineiros activos em Portugal", frisando: "só entre 2011 e 2015 foram atribuídos mais de 100 contratos de pesquisa".
"O que estamos a fazer de novo é garantir que esses direitos de pesquisa têm um reforço significativo da componente ambiental".
Explicou que, para além da Direcção Geral de Energia e Geologia, agora também a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o ICNF e as CCDRs passam a ter um acompanhamento dos planos de trabalhos.
(Por Sérgio Gonçalves)