Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
SINTRA, PORTUGAL, 21 Jun (Reuters) - A guerra comercial em curso entre as maiores economias do mundo está a pesar sobre a confiança empresarial e pode forçar os bancos centrais a reduzir as suas perspectivas, disseram na quarta-feira as mais poderosas autoridades de bancos centrais mundiais.
Depois de impor tarifas punitivas a vários dos seus principais parceiros comerciais, os Estados Unidos ameaçaram a China com mais tarifas sobre 200 mil milhões de dólares em bens, intensificando um conflito que já provocou medidas retaliatórias de quase todos os cantos do mundo. lado a lado numa cidade portuguesa, os chefes da Federal Reserve, do Banco Central Europeu, do Banco do Japão e do banco central da Austrália assumiram uma visão sombria sobre o conflito, argumentando que as conseqüências já são evidentes.
"Mudanças na política comercial podem levar-nos a questionar as perspectivas", disse o chair da Fed, Jerome Powell, em alguns dos seus comentários mais fortes sobre o assunto.
"Pela primeira vez estamos a ouvir (de líderes empresariais) sobre a decisão de adiar investimentos, adiar contratações, adiar a tomada de decisões", disse ele.
Os EUA podem ser vítimas das suas próprias políticas, disseram analistas do Deutsche Bank (DE:DBKGn), prevendo um impacto no crescimento e nos lucros corporativos.
"A nossa análise indica que uma nova escalada da disputa comercial para incluir 200 mil milhões de dólares em importações poderia reduzir o crescimento do PIB real em 0,2 a 0,3 pontos percentuais", disse o Deutsche, acrescentando que isso poderia reduzir o crescimento dos lucros das empresas do S&P 500 em 1 a 1,5 por cento.
A guerra comercial acontece num momento especialmente sensível para os bancos centrais, em que eles tentam deixar para trás medidas não convencionais da época da crise e construir proteções para qualquer contração potencial no final do actual ciclo económico.
Apesar de não criticar directamente a administração, as declarações de Powell a uma conferência europeia indicam que a Fed já está a contemplar como moldar a sua própria política face a crescentes tensões globais que poderiam reduzir a expansão económica, agora no seu décimo ano.
(Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa)
História original em inglês: (Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)