LISBOA, 12 Jun (Reuters) - A eventual exigência do Governo reaver 500 milhões de euros (ME) da EDP (SA:ENBR3) EDP.LS por compensações pagas a mais, teria um impacto negativo de 0,13 euros por acção no preço-alvo que o BPI atribui à 'utility', referiu o banco de investimento.
O CEO da EDP, António Mexia, e o CEO da subsidiária EDP Renováveis (LS:EDPR), João Manso Neto, foram constituídos arguidos no âmbito de uma investigação por suspeitas de corrupção relacionadas com a introdução dos CMEC.
Mas, António Mexia frisou que a empresa não recebeu qualquer benefício com a transição para os CMEC e cumpriu estritamente a lei que lhe foi imposta. "Uma intervenção política no processo aumenta a percepção de risco", alertou a equipa do BPI.
Os CMEC são um mecanismo através do qual uma porção significativa da capacidade instalada da EDP em 2007 transitou de um ambiente de 'PPA-power purchase agreements' puros para o mercado liberalizado. São uma compensação recebida devido ao cancelamento antecipado de contratos de aquisição de energia.
O semanário Expresso noticiou este fim-de-semana que o Governo vai exigir 500 ME à EDP, pois o Executivo quer reaver dinheiro pago a mais durante 10 anos. Indicou ainda que o Ministério Público suspeita que EDP foi beneficiada em mais de 1.000 ME.
O sistema CMEC terminará em Julho deste ano, quando um pagamento final, ao longo de 10 anos, será fixo, tendo em conta a expectativa de preços de mercado até ao final de todos os contractos, sem mais ajustamentos no futuro.
"Acreditamos que os 500 ME de compensação a mais mencionada na imprensa poderá estar relacionada com este ajustamento final, mais do que com uma recuperação directa de fundos pelo Governo", disse a equipa do BPI.
"Avaliamos o pagamento final em 442 ME, 'net present value'. Se for 500 ME mais baixa, ou seja, negativa, como sugerido (...), então teríamos um impacto negativo de 0,13 euros por acção no nosso preço-alvo de 3,55 euros", alertaram.
Nota: Esta recomendação de investimento foi distribuída hoje aos clientes do BPI. Deve consultar este documento de research integralmente, nomeadamente quanto ao 'disclaimer', solicitando-o à casa de investimento que o elaborou.
(Por Daniel Alvarenga)