(Repete história publicada sexta-feira ao final do dia)
LISBOA, 5 Fev (Reuters) - A estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) obteve um lucro de 52 milhões de euros (ME) em 2017, contra um prejuízo de 1.860 ME no ano anterior, apoiada num aumento da margem financeira, no triplo dos resultados com operações financeiras e na redução para um-quinto das provisões e imparidades de crédito.
A CGD colocou mais de 2.000 ME em obrigações durante 2017, antes de um aumento de capital de 2.500 ME injectado pelo accionista Estado. Os capitais próprios consolidados passaram, assim, para 8.274 ME, um reforço de 4.391 ME.
No início do ano, e no contexto de um aumento de capital em espécie, a CGD tinha também recebido e efetuado o cancelamento de 900 ME da emissão de obrigações subordinadas de conversão contingente (CoCos) detidas pelo Estado.
"Plano estratégico CGD 2020 (segue) no rumo certo, cumprindo com sucesso o ano de 2017, suportado pela evolução do negócio, capital e liquidez, permitindo o regresso aos lucros", afirmou o banco, no relatório de apresentação de resultados.
A margem financeira, diferença entre juros cobrados os empréstimos e pagos nos depósitos, aumentou 19 pct para 1.241 ME
"Esta evolução favorável traduziu uma redução de 327,7 ME, 22,9 pct no custo de 'funding', beneficiando em parte do cancelamento dos CoCos-'contingent convertible bonds' no âmbito das medidas de recapitalização, que compensa a diminuição de 126,2 ME sentida nos juros recebidos", referiu a CGD.
Os resultados com operações financeiras fixou-se em 216 ME de 77 ME. A gestão cortou os custos de estrutura recorrentes 7 pct para 1.072 ME.
As provisões e imparidades diminuíram 77 pct para 677 ME.
A CGD registou custos não recorrentes de 609 ME em 2017, referentes a programas de redução de pessoal e custos de reestruturação e alienação de activos.
No balanço, os recursos de clientes desceram para 63.631 ME, de 66.692 ME e o crédito a clientes, em termos líquidos, deslizou 7 pct para 55.255 ME.
Os depósitos de clientes desceram 4,6 pct para 63.499 ME.
"A CGD manteve a sua posição de liderança no mercado nacional, com uma quota de depósitos totais de 26,6 pct em novembro de 2017, atingindo a dos depósitos de particulares 30,2 pct", indicou o banco estatal.
"O crédito a clientes líquido, em contrapartida, registou uma redução de 7 pct em termos anuais, naturalmente influenciado pela política de redução de NPL-'non performing loans'".
O rácio 'cost-to-income', como definido pelo Banco de Portugal, melhorou para 55,5 pct, de 79,5 pct em 2016.
O rácio de crédito vencido há mais de 90 dias aumentou 10 pontos base para 7 pct, enquanto o rácio de transformação de depósitos em crédito fixou-se em 87 pct, de 89,3.
Em termos de almofadas de capital, o rácio CET1 'fully implemented' fixou-se em 14 pct, de 11,8 pct.
A CGD reduziu o número de agências para 1.139, de 1.211, tendo o número de empregados na actividade doméstica descido para 8.321, de 8.868. (Por Daniel Alvarenga)