(Repete notícia divulgada ontem ao final da tarde)
* Euronext diz mercado dá visibilidade, flexibilidade
* Associação diz 30 empresas preparadas se quiserem
Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 3 Fev (Reuters) - A Euronext vê forte potencial na captação de empresas familiares portuguesas para o mercado de capitais e, num 'road show', vai promover as suas vantagens face ao crédito bancário para alavancar o crescimento e dar maior flexibilidade na gestão da estrutura accionista.
"Queremos quebrar o preconceito ou ideia que as empresas familiares têm dificuldades acrescidas em posicionar-se como empresas de mercado", disse Maria João Carioca, Presidente da Euronext Lisbon, numa apresentação aos jornalistas.
"Pelo contrário. São uma parte muito importante do tecido empresarial".
Pedro Wilton, responsável da Euronext pela atracção de empresas para o mercado de capitais, explicou que será um programa de um ano com duas 'turmas', uma com início em Abril e outra em Setembro.
"Não vai ser um grupo alargado. Consistirá numa série de sessões, tendencialmente uma por mês. É um curso iminentemente prático", referiu.
HÁ PROCURA
Peter Villax, Presidente da Associação das Empresas Familiares, garantiu que haverá procura.
"Temos 300 associados. Entendemos que cerca de 30 poderão preencher o critério e, se interessados, eventualmente entrar no mercado", vincou.
As 300 empresas familiares portuguesas associadas, em termos agregados, representam cerca de 15.000 milhões de euros em vendas anuais.
"Este acesso facilitado a financiamento tem vantagens em relação à dívida bancária", acrescentou Peter Villax, vincando: "facilita variações na estrutura accionista".
"As empresas, de repente, têm notoriedade e visibilidade superior ao que tinham e, havendo um preço (das acções) posso transaccionar com irmão, primo, tio".
Lembrou que Portugal já conta no índice PSI20 .PSI20 com empresas de grande dimensão, controladas por estruturas accionistas familiares, como a Jerónimo Martins JMT.LS , Mota Engil MOTA.LS e Corticeira Amorim CORA.LS e que o universo não se restringe às Pequenas e Médias Empresas (PME).
O programa, apelidado de 'Family Share', tem por alvo empresas familiares não cotadas, e é composto por iniciativas de formação, com vista a dotar as empresas seleccionadas com ferramentas e conhecimento para uma eventual admissão em bolsa, "e de aproximar a Euronext da economia real", disse a Euronext.
"Há aqui grande potencial de crescimento do nosso ponto de vista", frisou Pedro Wilton, da Euronext.
"Não há objectivos fixados. Tendo em conta que o nosso mercado está agora com poucas empresas, se tivéssemos uma ou duas empresas a aceder ao mercado ao fim de um ano estaríamos muito felizes. É um programa sem compromisso. A empresa pode ouvir, aprender e depois decidir".
Referiu que, "tendencialmente", as empresas mais pequenas tendem a ter custos mais elevados de entrada no mercado de capitais, mas que nalguns casos este pode ser mais barato do que o crédito bancário.
Do conjunto de 1.000 empresas listadas na Euronext, cerca de 20 pct são de cariz familiar, representando mais de 700.000 milhões de euros de capitalização bolsista em termos agregados. (Editado por Sérgio Gonçalves)