(Repete notícia divulgada ontem ao final do dia)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 26 Jul (Reuters) - O lucro líquido consolidado do Banco BPI BBPI.LS , detido em 84,52 pct pelo espanhol Caixabank CABK.MC , disparou 77 pct para 188 milhões de euros (ME), com menores imparidades de crédito e redução de custos, num contexto de estabilidade da margem financeira.
"Tivemos um primeiro semestre positivo porque reforçámos a nossa solvabilidade, solidez, como do ponto de vista de novos clientes, novos empréstimos, mais qualidade de clientes e qualidade de serviço a clientes, mais qualidade de risco e também em disciplina de custos", disse o CEO do BPI Pablo Forero.
O resultado consolidado reportado no primeiro semestre de 2017 foi negativo em 102 ME, reflectindo impactos não-recorrentes negativos de 290 ME após impostos: 212 ME com a venda e desconsolidação do BFA e 77 ME com programa de rescisões e reformas antecipadas voluntárias.
Em Janeiro de 2017, o BPI concluiu a venda de dois pct do Banco de Fomento Angola (BFA) à Unitel - que tem Isabel dos Santos como accionista-chave - e esta telecom passou a controlar 51,9 pct, enquanto o banco português reduziu para 48,1 pct e passou a cumprir a exigência do Banco Central Europeu (BCE) que reduzisse a exposição excessiva àquele país africano.
O BPI já tinha anunciado que aquela venda e consequente desconsolidação representou um impacto negativo de 212,3 ME nos resultados do primeiro trimestre, tendo passado o BFA a ser reconhecida nas contas do Grupo BPI pelo método de equivalência patrimonial.
O Return on Tangible Equity (ROTE) fixou-se em 16,8 pct em Junho de 2017 e o ROTE, excluindo contribuições de participações em bancos africanos, fixou-se nos 11,4 pct.
A margem financeira consolidada situou-se praticamente flat face ao período homólogo nos 200 ME nos seis meses de 2017.
Os depósitos de clientes aumentaram 1,6 pct em termos homólogos para 20.69 ME em Junho de 2017.
"Nós estamos a trabalhar para aumentar a margem financeira, é difícil, mas o trabalho que estamos a fazer é tentar aumentá-la não de uma maneira muito espectacular, porque o contexto é muito difícil para isso", afirmou o Chief Executive Officer (CEO).
Pablo Forero lembrou que os custos de financiamento estão praticamente em zero pct e não podem vir mais abaixo e os ganhos para margem financeira só podem vir de mais comissões ou 'spreads' de crédito mais altos.
"Temos de trabalhar muito em novos clientes, novos produtos e em áreas que são mais rentáveis ou seja fazer mais volume em áreas de crédito mais rentável (...) como áreas de crédito ao consumo, renting, etc...", adiantou.
Lembrou que a outra "ferramenta são as comissões", frisando que o BPI não tem ideia de fazer uma nova revisão em alta destas, "apesar de estar na parte baixa do mercado nas comissões".
Explicou que o corte de custos não vai estar centrado nas pessoas, "mas nos custos de funcionamento", visando aumentar a eficiência e fazer mais transacções com menos custos.
Realçou a "elevada qualidade da carteira de crédito", com as imparidade para crédito e garantia a descerem para 16,6 ME no primeiro semestre de 2017 versus 35,8 ME há um ano atrás.
Os custos de estrutura recorrentes desceram 8,5 pct em termos homólogos.
O 'common equity' Tier 1 (CET1) 'phasing in' fixou-se em 11,9 pct e o rácio de solvabilidade total em 13,3 pct. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)