Por Andrei Khalip
LISBOA, 4 Abr (Reuters) - A tripulação de cabine da Ryanair RYA.I realizou a terceira greve de um dia em Portugal pelos direitos dos trabalhadores esta quarta-feira, provocando 11 cancelamentos de voos e uma promessa do governo de investigar as supostas violações.
Inspectores da Autoridade do Estado para Condições de Trabalho acompanharam a greve nos principais aeroportos do país em Lisboa, Porto e Faro, disse o ministro do Trabalho, José Vieira da Silva, a uma comissão parlamentar.
O sindicato de tripulações de cabine, SNPVAC, disse que 11 voos da Ryanair de e para Portugal foram cancelados de manhã após cerca de 90 pct dos 330 tripulantes em Portugal terem aderido à greve.
Contudo, a maior companhia aérea de baixos custos da Europa disse que a maioria das tripulações portuguesas estava a trabalhar normalmente e que apenas um pequeno número de primeiros voos foi cancelado ou atrasado. Planeia operar segundo o calendário no resto do dia.
O SNPVAC acusa a Ryanair de usar a sua jurisdição irlandesa para ignorar os direitos de parentalidade e não permitir dias de faltas aprovados pelo médico, bem como recorrer a processos disciplinares e ameaças pelo não alcance de objectivos de vendas em voo.
Um dos objectivos da greve foi envolver o governo na disputa.
A Ryanair, que foi forçada a reconhecer sindicatos para evitar greves em massa em Dezembro, argumenta que as condições de trabalho dos funcionários são comparáveis às dos concorrentes.
Vieira da Silva disse que, embora a maioria dos contratos das tripulações portuguesas tenham sido assinados sob jurisdição irlandesa, o Tratado de Roma da UE ainda garante que os direitos dos trabalhadores, ao abrigo da legislação local, têm de ser respeitados.
"Se qualquer um dos direitos, não apenas o direito de greve, tiver sido comprometido, uma investigação tem que ser levada a cabo caso a caso para aplicar este artigo do Tratado de Roma... E é isto que a Autoridade para Condições de Trabalho vai assegurar com todos os meios à sua disposição".
Texto integral em inglês: (Reportagem por Andrei Khalip; Traduzido por Nadiia Karpina, Gdynia Newsroom; Editado em português por Sérgio Gonçalves em Lisboa)