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Santa Casa prevê comprar apenas 1 pct banco Montepio por 18 ME-Provedor

Publicado 05.04.2018, 08:28
Atualizado 05.04.2018, 08:30
© Reuters.  Santa Casa prevê comprar apenas 1 pct banco Montepio por 18 ME-Provedor
MPIO
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Por Sergio Goncalves

LISBOA, 5 Abr (Reuters) - A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está muito determinada em entrar no capital da Caixa Económica Montepio (LS:MPIO) Geral (CEMG), mas prevê comprar uma participação de apenas 1 pct por 18 milhões de euros (ME), muito aquém do máximo de 10 pct que admitiu no passado, segundo o provedor da SCML, Edmundo Pedro.

Esta operação gerou uma forte polémica política em Portugal e o Partido Social Democrata - maior partido da oposição - disse que "tudo fará" para travá-la e que a 19 de Abril haverá um debate no Parlamento sobre um projecto de resolução que vise proibí-la.

Mas, Edmundo Pedro adiantou que a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital da CEMG é "estratégica" pois reforça a sua capacidade de intervir no sector da economia social, prevendo-se que indique duas pessoas para administradores não executivos do banco.

"Estamos muito determinados em ser parte de um processo que contribua para consolidar a economia social", disse o provedor numa comissão parlamentar ao final da tarde de ontem.

"(O estudo) aponta para uma participação máxima da Santa Casa (da Misericórdia) de Lisboa que andará em volta de 1 pct do capital (da CEMG), que de acordo com as nossas contas corresponde a qualquer coisa como 18 ME", acrescentou.

Esta percentagem é muito inferior ao máximo de 10 pct que chegou a admitir há uns meses atrás.

A confirmarem-se os 18 ME por 1 pct significa que a CEMG é avaliada em 1.800 ME.

O provedor frisou que "desde a primeira hora" a SCML pôs "como condição não entrar sozinha" no capital da CEMG, adiantando que "há duas ou três dezenas de instituições que irão participar", mas de forma simbólica.

Edmundo Pedro realçou que esta aquisição "não é nenhuma aventura" pois a informação financeira que existe sobre a CEMG "aponta para uma grande solidez dos vários rácios".

A CEMG teve um lucro de 30,1 milhões de euros (ME) em 2017, contra o prejuízo de 86 ME em 2016, apoiado em subidas robustas da margem financeira e comissões, bem como num disparo dos ganhos de trading.

O rácio de capital Common Equity Tier 1 (CET1) subiu para 13,5 pct e o rácio de capital total atingiu os 13,6 pct, mais 3,1 pontos percentuais (pp) e mais 2,7 pp, respectivamente, do que no ano anterior.

"Esta operação (compra 1 pct da CEMG) não tem que ver com qualquer salvamento, com socorro financeiro", disse o provedor frisando: "nunca seria um investimento deste tipo que salvaria o que quer que fosse, e este banco não precisa de ser salvo".

"Não se pode acusar a Santa Casa de ter decisões que ponham em risco a capacidade de intervir na sociedade portuguesa e em Lisboa em particular", disse o provedor.

A SCML, que assegura a exploração dos jogos sociais do Estado, como o Euromilhões e a lotaria, é uma pessoa coletiva de direito privado e utilidade pública.

Segundo os estatutos, a SCML tem como fins a melhoria do bem-estar das pessoas, prioritariamente dos mais desprotegidos, "de acordo com a tradição cristã e obras de misericórdia do seu compromisso originário e da sua secular actuação em prol da comunidade".

(Por Sérgio Gonçalves)

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