Por Jesús Aguado
MADRI, 29 Jan (Reuters) - O Santander SAN.MC da Espanha aumentou seu nível de capital em 2019 e terá como objetivo um aumento adicional em 2020, informou o banco na quarta-feira, com o sólido desempenho recorrente na América Latina compensando a lentidão no Reino Unido e na Espanha.
A diversificação do Santander no exterior, especialmente no Brasil e no México, ajudou a lidar com as difíceis condições para os bancos na Europa nos anos que se seguiram à crise financeira, mas teve consistentemente índices de solvência mais fracos do que seus pares europeus.
O banco havia dito no trimestre anterior que pretendia finalizar 2019 com um índice de capital de 11,4% a 11,5%, mas nesta quarta-feira adotou um tom mais otimista, dizendo que seu índice de capital CET1 aumentou 35 pontos base, para 11,65% e que esperava encerrar 2020 próximo de 12%.
As ações do Santander, o segundo maior banco da zona do euro em termos de valor de mercado, valorizavam-se mais 4,7%, a 3,72 euros por volta das 9h, o melhor desempenho no índice de blue chips da Espanha .SX7P .
"Conquistamos a lealdade de nossos clientes, fornecendo receitas anuais recordes e forte lucro recorrente. Isso nos permitiu fortalecer ainda mais nossa base de capital e aumentar nossa taxa de capital CET1", disse Ana Botín, presidente-executiva do conselho do Santander.
Considerando o impacto regulatório de 23 pontos base da implementação integral da nova norma contábil IFRS-9, o índice de capital situou-se em 11,42%, ante 11,07% no final de setembro.
"A grande surpresa positiva foi a forte geração de capital ... no trimestre", disse o JPMorgan (NYSE:JPM) em nota de analistas.
NA CAMINHO
O Santander também disse que está no caminho certo para alcançar suas metas de médio prazo e espera gerar um crescimento médio anual de ganhos por ação de um dígito nos próximos três anos.
O banco teve um aumento de 35% no lucro líquido do quarto trimestre em relação ao ano anterior, para 2,78 bilhões de euros, superando as expectativas dos analistas de 2,5 bilhões de euros, segundo uma pesquisa da Reuters.
O resultado foi impulsionado por ganhos de capital de 711 milhões de euros, principalmente relacionados a um contrato com o Crédit Agricole CAGR.PA para combinar operações de custódia e serviço de ativos.
O lucro líquido de todo o ano de 2019 caiu 16,6%, para 6,5 bilhões de euros, atingido por custos extraordinários de 1,74 bilhão de euros relacionadas principalmente aos negócios britânicos no terceiro trimestre.
No geral, a margem financeira, uma medida dos ganhos com empréstimos menos custos com depósitos, somou 8,84 bilhões de euros, uma queda de 2,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, mas 0,4% maior que no terceiro trimestre devido ao sólido crescimento dos empréstimos na América Latina.
Os analistas previam margem de 8,86 bilhões de euros.
No Brasil, onde o banco obtém cerca de um terço de seu lucro total, o lucro recorrente aumentou 4,6% no trimestre em relação ao ano anterior. A variação considera o desempenho em euros.
No México, seu quarto maior mercado, o lucro aumentou 42%. Enquanto as taxas de juros baixas prevalecem em toda a zona do euro, as taxas de referência no México são de 7,25%.
Nos Estados Unidos, onde o lucro recorrente aumentou 31,4% no trimestre, sua unidade Santander Consumer Holdings anunciou nesta quarta-feira uma oferta para comprar até 1 bilhão de dólares de suas ações.
Na quarta-feira, o banco também disse que pagaria um segundo dividendo de 0,13 euro por ação, que, adicionado a um dividendo de 0,10 euro por ação pago em novembro, levando o dividendo do ano de 2019 a 0,23 euro por ação, o mesmo que em 2018.
(Reportagem adicional de José Elias Rodríguez)