LISBOA/FRANKFURT, 1 Jun (Reuters) - O Banco Central Europeu tem de vigiar com cuidado os bancos mais pequenos do bloco, pois estes têm potencial para criar "enorme confusão", disse o membro do Conselho de Supervisão do BCE, Pentti Hakkarainen, que está contra a ideia de reduzir as exigências regulatória 'core' para 'players' de menor dimensão.
"Sou contra a ideia de considerar o facto de um banco ser pequeno como razão para ter regulação menos pesada. É a exposição ao risco que é decisiva. É perfeitamente possível que pequenos bancos criem uma enorme confusão", disse Pentti Hakkarainen, numa conferência em Lisboa.
"Pode-se atribuir incentivos a bancos com risco reduzido, uma recompensa no caso de um banco ter uma certa exposição (reduzida) ao risco e for muito prudente a gerir o negócio", acrescentou.
Os comentários de Hakkarainen desafiam a visão de alguns membros do Bundesbank que os requisitos impostos aos numerosos pequenos bancos alemães devem ser reduzidos para cortar os custos administrativos.
"Podemos pensar numa recompensa na forma de menos requisitos de reporte", frisou Hakkarainen. "O passado mostrou-nos que muitas vezes é bem possível que pequenos bancos causem severa disrupção na economia, por exemplo na crise de poupanças e crédito nos EUA, e também na experiência nórdica".
"Por isso, o meu conselho é contra a proposta que entendo estar actualmente em discussão, que reduziria os requisitos de reporte para os bancos mais pequenos de uma forma bastante drástica".
NÃO QUER CAMPEÕES
O finlandês Pentti Hakkarainen foi nomeado pelo Banco Central Europeu para o Conselho de Supervisão em Dezembro de 2016 e iniciou o cargo em Fevereiro, sendo um dos responsáveis por vigiar as 127 maiores instituições financeiras da zona euro.
"Reconheço que não é muito sábio ter as mesmas regras para grandes e pequenos bancos. Devemos ter o princípio do nível mínimo de exigência e depois 'camadas extra' dependendo do tamanho, risco e complexidade", acrescentou o membro do Conselho de Supervisão do BCE.
"O que vimos na Escandinávia e na Europa é que, quando os supervisores nacionais vêem dificuldades no sector bancário doméstico, começam muito facilmente a defendê-lo. E tal pode levar a 'campeões nacionais'. No longo prazo isto não é bom para o sector bancário europeu e para a economia", concluiu.
O Conselho de Supervisão do BCE é liderado por Daniele Nouy e inclui também representantes de cada um dos 19 bancos centrais da zona euro. (Por Daniel Alvarenga e Balazs Koranyi; Editado por Sérgio Gonçalves)