Por Steve Holland e Jeff Mason
WASHINGTON, 8 Nov (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu abrir mão de qualquer iniciativa bipartidária e retaliar se a nova maioria democrata na Câmara dos Deputados dos EUA utilizar os seus poderes para pressionar investigações sobre o seu governo.
Trump, que falou numa conferência de imprensa, gabou o seu papel nas vitórias dos republicanos nas eleições parlamentares de terça-feira, alertou que adoptaria uma "postura de guerra" caso os democratas resolvessem investigá-lo.
Os democratas agora comandarão comités parlamentares que poderão investigar as declarações de imposto de rendimento do presidente, que ele se recusou a entregar, possíveis conflitos de interesses em negócios e qualquer tipo de ligação entre a sua campanha e a Rússia nas eleições presidenciais de 2016, questão que actualmente é investigada pelo procurador especial Robert Mueller.
Trump estava animado pelas vitórias que aumentaram ainda mais a maioria republicana no Senado, dizendo aos jornalistas na Casa Branca que os ganhos compensavam a vitória dos democratas na Câmara. Ele acrescentou que estaria disposto a trabalhar com os democratas nas suas prioridades, mas que acredita que as investigações sobre o seu governo poderiam afectar as perspectivas de colaboração bipartidária.
"Eles podem jogar esse jogo, mas nós podemos jogar melhor", disse Trump sobre a possibilidade de investigações dos democratas. "Tudo o que conseguirão fazer é ir para frente e para trás, e para frente e para trás, e dois anos vão se passar e não conseguiremos ter feito nada."
O poder dividido no Congresso, combinado com a visão expansiva de Trump sobre o poder do Executivo, poderia causar polarizações políticas ainda mais profundas e um bloqueio legislativo em Washington.
Pode haver espaço, no entanto, para que Trump e os democratas trabalhem em conjunto em questões com apoio bipartidário, como por exemplo um pacote para melhorias nas infraestrutura, proteções contra altas nos preços de medicamentos, e nos esforços para reequilibrar o comércio com a China.
"Poderia ser realmente uma bela situação bipartidária", disse Trump.
Adiantou que Nancy Pelosi, que poderia ser a próxima presidente da Câmara, lhe havia expressado num telefonema o desejo de trabalhar em conjunto. Com os democratas a considerarem se devem apoiar ou não Pelosi, que foi presidente da Casa da última vez que o partido deteve a maioria das vagas, ou pensando numa nova direção, Trump escreveu numa publicação no Twitter que ela merece ser a escolhida para a posição.
Pelosi disse em conferência de imprensa no Capitólio que os democratas estariam dispostos a trabalhar com Trump onde fosse possível, mas acrescentou que "temos uma responsabilidade constitucional de fiscalização".
"Não acredito que teremos nenhuma dispersão independente nisso. Teremos uma responsabilidade de honrar o nosso dever de fiscalização e esse será o caminho que tomaremos. Novamente, tentaremos unir nosso país", disse Pelosi.
Texto integral em inglês: (Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)