MOSCOVO, 2 Set (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse desconhecer quem são os responsáveis pela invasão cibernética a organizações do Partido Democrata norte-americano, mas que as informações reveladas são importantes, informou a agência de notícias Bloomberg, esta sexta-feira.
Numa entrevista concedida dois dias antes da reunião da cúpula do G20 na China, com a participação do presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes mundiais, Putin disse que pode ser impossível determinar quem deflagrou a divulgação de e-mails sigilosos do Partido Democrata, mas que isso não foi feito pelo governo russo.
"Tem alguma importância quem divulgou estes dados?", indagou Putin. "O importante é o conteúdo que foi dado ao público."
"Não há necessidade de distrair a atenção pública da essência do problema abordando algumas questões menores ligadas à busca de quem o fez", acrescentou.
"Mas quero dizer novamente, não sei nada a esse respeito e, a nível estatal, a Rússia jamais fez isso."
Os e-mails violados, divulgados pelo grupo ativista WikiLeaks em Julho, parecem demonstrar um favoritismo do Comitê Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês) pela candidata presidencial Hillary Clinton e levaram à renúncia da presidente da entidade.
Uma rede de computadores usada pela campanha de Hillary e o comitê de arrecadação do partido para a Câmara dos Deputados também foram invadidos.
Hillary, à frente do candidato republicano Donald Trump em sondagens de opinião sobre a campanha da eleição presidencial de Novembro, afirmou que os serviços de inteligência russos realizaram um ataque cibernético contra seu partido.
Algumas autoridades insinuaram que Moscovo está a tentar influenciar a eleição norte-americana.
Putin rejeitou as alegações. "Jamais interferimos, não a estamos a interferir e não pretendemos interferir na política interna", disse.
"Iremos observar cuidadosamente o que acontece e esperar os resultados da eleição. Então estamos prontos para trabalhar com qualquer governo norte-americano, se eles mesmos o quiserem."
As relações entre a Rússia e os EUA chegaram a seu pior momento pós-Guerra Fria em 2014, com a crise na Ucrânia, e desde então Washington e Moscovo vêm-se degladiando por causa das suas políticas divergentes em relação à Síria.
Em Agosto, Obama disse que iria discutir o ataque cibernético com Putin se a Rússia fosse responsável, mas que isso não alteraria "radicalmente" a relação dos dois países.
(Reportagem de Jack Stubbs; Traduzido por Patrícia Vicente Rua)