Não sabe ainda em quem votar nas eleições para a UE? Esta aplicação pode ser para si.
Hoje (30 de abril) foi lançada em Barcelona a Palumba, uma nova aplicação de aconselhamento eleitoral. Mas apenas um grupo selecionado de primeiros utilizadores testará a versão beta antes de se tornar pública a 9 de maio, Dia da Europa.
O princípio é simples: tal como no popular site de encontros Tinder, os utilizadores "deslizam" para a direita as propostas com as quais concordam e para a esquerda aquelas de que não gostam.
Além disso, a aplicação oferece opções para uma aprovação ou desaprovação ligeira, bem como uma resposta neutra. As reações às propostas são depois "combinadas" com um grupo político do Parlamento Europeu e redirecionadas para as listas nacionais correspondentes, de acordo com a origem do utilizador.
O algoritmo contabiliza manifestos e declarações públicas mas também padrões históricos de votação do Parlamento Europeu porque, para os utilizadores de Palumba, isso “mostra melhor o que fazem e não apenas o que dizem que vão fazer”.
A Palumba não se limita a fazer correspondências com partidos políticos, mas, tal como num perfil de encontros normal, quando se clica na proposta, são fornecidos mais pormenores: neste caso, definições e contexto político de fontes verificadas.
Palumba EU App design: Palumba EU Association - Illustration: Claire Vimont
Rebentar a bolha da UE
A ideia, que surgiu em agosto de 2023 durante o Fórum Europeu de Alpbach, nos Alpes austríacos, procurava traduzir a "bolha da UE" para a linguagem quotidiana dos jovens, com o objetivo de desencadear uma conversa política e incentivá-los a votar. "A lógica não é influenciar o voto numa direção, mas deixar claro que há partidos que apoiam as suas ideias e que, por isso, pode valer a pena votar", disse Thomas Garnier, secretário e coordenador de I&D de Palumba, à Euronews.
O projeto é pan-europeu: está disponível em mais de 30 línguas (incluindo dialetos regionais) e nos 27 Estados-Membros. O nome também reflete este compromisso. Palumba é a contração de "columba palumbus", o nome latino do pombo comum, que se encontra em toda a Europa. "O pombo está na vida quotidiana de todos, cria esta ligação que achámos muito fixe", disse o presidente da Palumba, Pol Villaverde.
O lançamento da aplicação beta coincide com a nova fase da estratégia de comunicação do Parlamento Europeu, que Palumba foi concebida para complementar. "Estamos a tentar chegar onde eles não são capazes de chegar", afirmou Villaverde, acrescentando que o Parlamento está "bem ciente das suas capacidades limitadas para chegar a pessoas que ainda não estão convencidas".
Os efeitos virais são fundamentais para o conceito da aplicação. A interface foi concebida para ser agradável e fácil de partilhar nas redes sociais.Os utilizadores podem partilhar resultados - como os seus compromissos políticos mais importantes - para mostrar e comparar com os amigos de uma forma semelhante ao "Spotify (NYSE:SPOT) Wrapped", uma função que permite aos utilizadores do Spotify partilhar as suas canções ou artistas mais ouvidos do ano.
No próximo mês de junho, cerca de 365 milhões de pessoas estarão aptas a votar nas eleições europeias, incluindo muitos jovens eleitores para quem as redes sociais são um recurso vital para a campanha.Quatro países - Bélgica, Alemanha, Malta e Áustria - permitirão que os jovens de 16 anos votem. Na Grécia, a idade mínima para votar é de 17 anos.
Uma receita que já deu provas de sucesso
Dezenas de aplicações de aconselhamento eleitoral já foram utilizadas na Europa e no estrangeiro, com impactos positivos comprovados na participação dos eleitores. "Não estamos a reinventar a roda", admitiu o presidente da Palumba.
Na campanha presidencial de 2022 em França, uma aplicação semelhante chamada "Elyze" tornou-se popular, com mais de 1,2 milhões de downloads em duas semanas. No entanto, foi criticada por resultados alegadamente tendenciosos, pela opacidade do seu código-fonte, pela quantidade de dados privados recolhidos e pela sua fraca proteção.
Consciente do risco potencial ou das críticas, Palumba afirmou que a aplicação está empenhada numa recolha mínima de dados, em medidas de proteção robustas contra interferências estrangeiras e numa total independência em relação a partidos políticos ou patrocinadores. Além disso, o código-fonte da aplicação está disponível ao público, garantindo a transparência.