1. Lega e 5 Stelle alcançaram um acordo sobre os membros do governo que serão propostos ao Presidente da República de Itália. Se confirmado o novo governo, evita-se a realização de um novo ato eleitoral no país que criou receios nos mercados quanto a poder ser associado a um referendo sobre a permanência do país no euro. Foi já visível uma redução nas yields e spreads de Itália fruto de menores preocupações com um Italexit e de ter sido evitada uma crise institucional no país. Após ter sido rejeitado como ministro das finanças, a presença de Paolo Savona como responsável pelos assuntos relacionados com a União Europeia mantém a ideia em como o novo governo italiano terá uma postura de confronto face à Comissão Europeia. O fluxo de notícias e os riscos de revisões em baixa na notação de crédito por parte das agências de rating deverão permanecer no centro das atenções ao longo das próximas semanas/meses, tendo em conta a política orçamental expansionista que consta do programa de governo. Se nos lembrarmos do efeito disciplinador dos mercados, como foi visível aliás na última semana, uma redução mais significativa das yields e spreads de Itália irá provavelmente ficar dependente de uma maior visibilidade sobre a implementação das políticas pelo novo governo e de uma eventual menor tensão com Bruxelas face ao esperado. A favor da dívida italiana, refira-se a provável melhoria já observada em termos de posicionamento dos investidores, como visível na forte subida das yields na parte mais curta da curva ao longo da última semana.
2. Não só no segmento acionista, no qual a underperformance do setor bancário na área do euro continua a ser bem visível, a última semana voltou a mostrar uma evolução desfavorável para esta área do mercado no que se refere ao crédito, penalizado por uma variedade de temas: exposição do setor da região à Turquia, incerteza política em Itália e Espanha, moderação das expectativas para a normalização da política monetária por parte do Banco Central Europeu, continuação da queda nos indicadores de sentimento dos empresários e flattening da curva alemã. Em Portugal, a emissão AT1 da Caixa Geral de Depósitos e a emissão subordinada do BCP (LS:BCP) com call em dez22 mostraram-se bastante pressionadas.
3. Portugal encontra-se no calendário da Fitch (BBB/Stable) esta sexta-feira. Com uma notação situada um notch acima da Standard & Poor's e dois notches acima da Moody's, não são esperadas novidades. Os recentes comentários do FMI (Staff Concluding Statement of the 2018 Article IV Mission) e da OCDE revelaram-se ambos, de uma forma geral, favoráveis ao país.
4. As recentes quedas nas yields de Alemanha e EUA refletem o aumento dos riscos políticos e riscos relacionados com a política comercial (aumento das tensões entre EUA com a China e a União Europeia), assim como a fraca evolução dos índices de ações na área do euro/EUA e os (crescentes) receios com os mercados emergentes, tendo em conta o ambiente de dólar norte-americano mais forte e abrandamento no ciclo de comércio internacional.
Para mais detalhes ver, por favor, o PDF em anexo.