Desde o nosso comentário da semana passada, registou-se uma subida nas yields a 10 anos de Alemanha e EUA. Na periferia da área do euro, o mesmo sucedeu com Espanha, mas não com Portugal e Itália. Relativamente a Itália, e beneficiando ainda de um ambiente que continua a ser de procura de yield, o mercado parece estar disposto a incorporar uma menor probabilidade de um cenário mais desfavorável relativamente à solução de governo que será encontrada para o país.
É verdade que tivemos um ambiente de menor aversão ao risco nos índices de ações, que continuaram a recuperar dos seus mínimos de finais de março / início de abril, beneficiando não só de menores receios com os temas geopolíticos / tarifas às importações que marcaram as semanas anteriores, como também do início do período de reporte de resultados para o 1º trimestre de 2018. Contudo, a nossa atenção esteve colocada na continuação da subida nas expectativas de inflação medidas pelas taxas breakeven a 10 anos, ao atingirem os valores mais elevados desde meados de 2014 nos EUA e na Alemanha. Com a taxa de variação homóloga do índice de preços no consumo nos EUA já acima de 2% (na leitura para março), o ambiente de subida na cotação do petróleo (mas também do níquel e do alumínio) revelou-se um importante suporte para a subida das expectativas de inflação. No momento em escrevemos, a yield a 10 anos dos Treasuries está já próxima do máximo de fevereiro (2,95%). Continuamos a ver a subida das expectativas de inflação (à medida que o mercado incorpora uma Reserva Federal dos EUA próxima de atingir o seu mandato em termos de inflação), como um importante fator para justificar yields mas elevadas nos EUA e, consequentemente (devido à correlação entre ambas), na Europa, embora os spreads na periferia permaneçam suportados pelo enquadramento económico favorável
De referir que o Fiscal Monitor divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (contendo previsões para uma subida em mais de 9 pontos percentuais para o rácio dívida pública/PIB nos EUA entre 2017 e 2023), terá também pressionado a curva dos EUA e justificado o steepening que foi observado.
O calendário da próxima semana mostra-nos vários indicadores de sentimento (IHS Markit, ifo, Comissão Europeia). Nos EUA, a nossa atenção estará também na divulgação do índice do custo do trabalho para o 1º trimestre de 2018 (sexta-feira), tendo em conta o forte mercado de trabalho que continua a ser observado no país. Teremos também o final de mais uma reunião de política monetária do Banco Central Europeu na quinta-feira, com conferência de imprensa de Mário Draghi. Não são esperadas alterações na comunicação do Banco, antes das novas previsões macro que serão divulgadas na reunião de junho, e tendo em conta o contexto de modestas pressões inflacionistas, como foi relembrado com a leitura de março para o índice harmonizado de preços no consumo divulgado pelo Eurostat. De qualquer forma, as expectativas do mercado para a evolução das taxas de juro moderaram já de forma significativa nas últimas semanas...
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