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Frutos do mar: indústria, mercado e investimento

Publicado 26.11.2023, 23:18
Atualizado 09.07.2023, 11:32

1. A indústria dos frutos do mar

O alargamento da consciencialização de práticas saudáveis e a mudança de estilos de vida motivaram as pessoas a valorizar a sua saúde com a adoção de novos hábitos alimentares. Neste contexto, os frutos do mar, geralmente classificados como alimentos derivados do mar e categorizados como peixes, crustáceos e moluscos fornecem uma variedade de benefícios para a saúde, conduzindo a um crescimento deste segmento de mercado alimentar, a nível global.

Estas alterações do estilo de alimentação têm vindo a ganhar importância na população e o número de não consumidores de carne bovina e suína, as quais podem apresentar substâncias nocivas, tem aumentado nos últimos anos, levando a uma maior procura de alimentos alternativos, entre eles os frutos do mar.

Por tais motivos, o mercado dos frutos do mar apresenta-se, na atualidade, como um setor significativo dentro da indústria alimentar global, desempenhando, simultaneamente, um papel crucial na economia de determinadas regiões.
Os crustáceos tornaram-se ainda mais valorizados na gastronomia de regiões como Europa, América do Norte e Ásia, sendo consumidos em mercados internos e externos, através de cadeias de distribuição exportadoras.

Contudo, esta indústria tem vindo a deparar-se com inúmeros desafios e controvérsias limitantes, nomeadamente a sobrepesca, a poluição e impacte ambiental, as complexidades das cadeias de produção e fornecimento e/ou constrangimentos políticos e governamentais. Mas apesar de tudo, a indústria reinventou-se, atualizou-se e evoluiu. Novas práticas de pesca sustentáveis estão a ser implementadas, a utilização de embalagens eco-friendly tornam o consumo mais sustentável, a inovação na aquicultura, a educação do consumidor e a otimização da cadeia de produção e distribuição garantem a sua continuidade, crescimento sustentável e capacidade de desenvolvimento deste ramo da indústria alimentar.

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2. Europa em particular

O mercado europeu de frutos do mar tem registado um crescimento constante ao longo dos anos. Este aumento, para além dos fatores anteriormente mencionados, resulta de uma maior facilidade de acesso por parte dos consumidores. Uma cadeia de distribuição vasta com redes de lojas e grandes superfícies, o consumo associado a hábitos culturais e de socialização em ambiente não doméstico (restaurantes, bares e outros) dos europeus, bem como o aumento das vendas online, têm contribuído para um acesso facilitado a este tipo de produtos alimentares.

Por outro lado, o acesso dos europeus a uma gama diversificada que inclui peixes, crustáceos, moluscos e outros frutos do mar, leva a um aumento da procura e consequente crescimento no consumo.

Na Europa, o salmão, o bacalhau, o arenque, a truta e a cavala são as espécies de peixe mais consumidas. Crustáceos como camarões e gambas e moluscos como ostras, mexilhões e amêijoas têm aumentado o espetro de consumidores e, por conseguinte, o aumento da procura.

3. Estatísticas estratosféricas de Portugal

De acordo com dados da Comissão Europeia, o nosso país apresenta-se como o terceiro maior consumidor, per capita, de marisco do mundo e o primeiro da União Europeia. Só a Noruega e a Coreia do Sul ultrapassam o nosso país.

Cada português consome, em média, 61,5Kg de pescado por ano. A média da União Europeia é de 27Kg.

Estes padrões de consumo de frutos do mar estão ligados a fatores geográficos, culturais, históricos e sociais. O consumo português de frutos do mar é caracterizado por uma grande diversidade de espécies e métodos de preparação, em comparação com outros países europeus. O bacalhau (salgado e seco), não existe nas águas portuguesas, mas a tradição e fatores históricos e culturais, tornaram-no na principal espécie no consumo de pescado pelos portugueses, representando cerca de 38% da procura nacional de frutos do mar.

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Contudo, dados mais recentes mostram que os Portugueses, a 29 de Outubro de 2023 (estatísticas anuais não fechadas), tinham ultrapassado a Coreia do Sul, mas mantinham o terceiro lugar. Islândia e Maldivas ocupam, atualmente, os primeiros lugares.

3.1. Consumo de bacalhau em Portugal

Os números são impressionantes e dignos de registo para um país com a dimensão de Portugal!

Os portugueses consomem 70 mil toneladas de bacalhau, todos os anos, uma espécie não existente em águas nacionais.

De referir que em 2021 a Noruega exportou 3,1 milhões de toneladas de frutos do mar, no valor de cerca de 12 mil milhões de euros. Portugal foi responsável por 29% de todas as exportações de bacalhau.

Cada português consome, em cada ano que passa, em média, sete quilos de bacalhau seco, correspondente a 20Kg deste peixe em estado fresco. Destes números colossais, estima-se que na época do Natal e Ano Novo sejam consumidas, pelos Portugueses, entre quatro e cinco mil toneladas de bacalhau da Noruega. A expressão do “fiel amigo”, materializa-se com estes dados estatísticos.

4. Os números do mercado dos frutos do mar

A dimensão do mercado de frutos do mar foi avaliada, em 2021, num valor superior a 310 mil milhões de dólares americanos. Previsões apontam para que, em 2030, esse valor seja superior a 338 mil milhões de dólares americanos, representando uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista superior a 8,9%. Previsões menos conservadoras perspetivam um valor acima de 605 mil milhões de dólares americanos, em 2029, e 730 mil milhões de dólares americanos, em 2030.

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A nível europeu, em termos globais, este segmento da indústria alimentar ficou avaliado, no ano transato, num valor acima de 91 mil milhões de dólares americanos. As previsões de crescimento apontam para uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista de 4,3% na próxima década. Este crescimento representa um valor global previsto superior a 140 mil milhões de dólares americanos, em 2032.

A nível mundial, o tamanho do mercado de frutos do mar ultrapassará os 210 mil milhões de dólares americanos até 2030. Tendo sido avaliado, em 2021, num valor superior a 163 mil milhões de dólares americanos, prevendo-se uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista superior a 2,8%. Neste contexto, o maior contribuinte para o mercado foi o segmento de pescado. Em 2019, só esta secção da indústria detinha um valor superior a 100 mil milhões de dólares americanos.

Em 2023, a receita total do mercado de peixes e frutos do mar deverá totalizar um valor superior a 2,8 mil milhões de dólares americanos, dos quais a maior parte é gerada pelos Estados Unidos da América. No entanto, em termos de receitas, previsões apontam para uma Taxa de Crescimento Anual Composta prevista superior a 17,8%, resultando num valor de receitas na ordem dos 6,4 mil milhões de dólares americanos, em 2028.

5. As oportunidades de investimento

A indústria dos frutos do mar, pelas suas características e perspetivas de crescimento, poderá conferir interessantes oportunidades de negócio. Abaixo, são apresentadas, de um modo sucinto, algumas empresas deste segmento da indústria alimentar, as quais depois de avaliadas e analisadas podem constituir oportunidades de investimento caso se enquadrem no perfil de investidor e na sua estratégia e objetivos do seu investimento.

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  • Mowi ASA (OL:MOWI) empresa norueguesa com sede em Bergen. Fundada em 1964 conta com mais de 10 mil funcionários. Apresenta um EPS acima de 9 e um PE acima de 20. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 3,74% e a sua margem de lucro ultrapassa os 7,65%. ROA e ROE situam-se acima de 8,2% e 11,7%, respetivamente.
  • Grieg Seafood ASA (OL:GSFG) empresa norueguesa com sede em Bergen, fundada em 1884. O PE é superior a 95 e o EPS situa-se acima de 0,5. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 6,71%. ROA e ROE ultrapassam 3,9% e 1,15%, respetivamente. PS e PB são superiores a 1,2 e a margem operacional supera os 4,45%.
  • Austevoll Seafood ASA (OL:AUSS) empresa norueguesa, fundada em 1981 e com sede na cidade de Storebø. O PE ultrapassa 95 e o EPS encontra-se acima de 0,75. Distribui Dividendos com um Dividend Yield de 7,36% e PS e PB posicionam-se acima de 0,45 e 1, respetivamente.
  • SalMar ASA (OL:SALM) empresa norueguesa fundada em 1991 e com sede em Kverva. Apresenta um PE acima de 90 e um EPS superior a 6,5. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 3,38%. ROA e ROE situam-se acima de 11,9% e 6,8%, respetivamente. O PS é superior a 2,5 e o PB encontra-se acima de 4,6. A margem operacional ultrapassa os 39% e a margem de lucro supera os 6,5%.
  • Lerøy Seafood Group ASA (OL:LSG) empresa norueguesa sedeada em Bergen. Foi fundada em 1899 e atualmente conta com 6000 funcionários. Distribui dividendos com um Dividend Yield de 5,87% e o seu PS e PB encontram-se acima de 0,8 e 1,4, respetivamente. O ROA ultrapassa os 4,3%.
  • Atlantic Sapphire ASA (OL:ASA) empresa jovem norueguesa, fundada em 2010 e com sede em Vikebukt. Apresenta um PS acima de 1,65 e um PB superior a 0,3. ROA e ROE são negativos, abaixo de -16% e -34%, respetivamente. O ESP é negativo, inferior a -0,48.
  • Aker BioMarine AS (OL:AKBM) empresa norueguesa, fundada em 2006, sedeada em Lysaker. O PS é superior a 0,98 e o PB situa-se acima de 24,2. A margem operacional ultrapassa os 11% e o ROA é superior a 0,56%. ROE é negativo, abaixo de -5%.
  • Clean Seas Seafood Limited (ASX:CSS) empresa australiana com sede em Royal Park e fundada no ano 2000. Apresenta um PE superior a 6,6 e uma margem de lucro acima de 8,6%. A margem operacional ultrapassa os 28%. ROA e ROE ultrapassam os 3,8% e 7,1%, respetivamente.
  • Sanford Limited (OTC:SARDY) empresa com sede em Auckland, na Nova Zelândia, fundada em 1881. Apresenta um PE superior a 39,8 e distribui dividendos com um Dividend Yield de 5,18%. PS e PB são superiores a 0,6. A margem de lucro ultrapassa 1,8% e a margem operacional situa-se acima de 3,4%. ROA e ROE superam 1,4%, respetivamente.
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6. Conclusão

As mudanças de comportamento dos consumidores a nível alimentar, resultantes de um conjunto de fatores educacionais, culturais e sociais têm tornado os frutos do mar uma opção cada vez mais procurada, conduzido a um aumento do consumo deste tipo de alimentos.

Este segmento da indústria alimentar, apesar dos enormes desafios que enfrenta do ponto de vista ambiental e de sustentabilidade, tem conseguido adaptar-se e reorganizar-se, superando as dificuldades.

As perspetivas de crescimento e aumento das receitas nos próximos anos tornam este mercado um potencial alvo de investimento. Porém, a análise às várias oportunidades de investimento que este pode proporcionar devem ser profundamente avaliadas, analisadas e estudadas, dado que as características peculiares deste mercado assim o exigem.

Através de ações individuais de empresas inseridas no mercado dos frutos do mar poderá o investidor estar exposto a esta indústria, desde que as mesmas se adequem e enquadrem nas suas estratégias e objetivos de investimento, bem como no seu perfil de investidor.
 
As ideias e as opiniões, acima descritas, refletem a minha linha de pensamento sobre estes veículos de investimentos. Assim, não devem as mesmas ser consideradas ou tidas como forma de aconselhamento financeiro.

Últimos comentários

Muito bom! Parabéns 👏👏👏
Muito obrigado!
Parabéns Jorge Ribeiro... muito interessante e tomar conhecimento que os portugueses são os primeiros da Europa em consumo de frutos do mar... gostei. Maiores sucessos
Caro Frederico, muito obrigado. De facto estes números são dignos de registo.
Se também é verdade que a indústria de frutos do mar, por maior consciencialização ambiental, adopta praticas sustentáveis e ganham a maior preferência dos consumidores e o investimento ganha vantagem, também o será, como refere o artigo, quando os desastres naturais, poluição e alterações climáticas, representando riscos ambientais de grande impacto, não deixam, desatentos, os investidores. Em suma, no deve e haver de tudo o que a vida representa, o equilíbrio nunca deixará de ser a melhor resposta e o melhor método. Termino, não deixando de referir o que considero sobre o tema, além do seu valor intrínseco como indicativo, de enorme importância, para mim. O bacalhau, fruto de um mar que nunca foi nosso, jamais deixarei de o olhar, nunca pelo lado da importantíssima indústria que representa, mas, sempre pelo prazer de o degustar. Parabéns, por mais esta excelente dica.
Caro Domingos Oliveira, desde já muito obrigado, mais uma vez, pelo seu comentário. Até eu fiquei surpreendido com os números de Portugal e do próprio mercado em si. Apesar da especificidade da temática é uma área a ter em linha de conta a nível do investimento.
Talvez porque feche portas ao investimento, nomeadamente ao que arrasta riscos, esteja sempre mais atento a inconvenientes que a vantagens. Não porque seja adepto de radicalismos, apenas porque foram tantos os maus exemplos que a vida me proporcionou ao acompanhá-lo, que esse baptismo é marca que se instalou de forma indelével. Sendo verdade que a indústria de frutos do mar oferece uma enormíssima variedade de produtos, que escancare, aos investidores, diferentes nichos de mercado e novas oportunidades de negócio, também a sazonalidade não o deixa de ser, alterando, ou causando flutuações nas ofertas, que exigem planeamentos de maior cuidado .....(continua)
muito obrigado pela informação, estou analisando o meu poder financeiro, qual é valor de uma ação
Muito bom!
Grande João, muito obrigado!
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