O sector tecnológico, apesar da correcção bolsista resultante da normalização do crescimento no mundo pós-covid, e da diminuição do rendimento disponível resultado das pressões inflaccionistas, é um sector de crescimento estrutural. Conforme o CEO da Microsoft, Satya Nadella, afirmou recentemente, o peso da tecnologia no PIB deve aumentar dos 5% actuais para 10% no final da década. Poucos sectores apresentam este tipo de crescimento esperado no longo prazo. Aplicações como computação em nuvem, internet-das-coisas, inteligência artificial, produção de semicondutores, fintech e software como serviço (SaaS) deverão impulsionar o crescimento do sector nos próximos anos.
Porquê investir agora?
Como Warren Buffet costuma dizer, a melhor hora para ser ganancioso é quando os outros estão com medo. Desta forma, agora pode ser o momento de aumentar a exposição aos fundos de tecnologia, considerando as avaliações mais baixas em quase uma década.
O MSCI World Information Technology apresenta múltiplos de avaliação apenas verificados no ano 2015 em termos da relação preço/lucros e EV/EBITDA. Ao cifrarem-se em 20,3x e 14,5x, estes níveis ainda estão acima daqueles que os mercados desenvolvidos apresentam de 15,3x e 10,4x, mas são aceitáveis considerando o crescimento acima da média esperado para o sector.
O actual prémio em relação ao mercado de TI parece bastante razoável dado o diferencial de rentabilidade relativamente ao mercado em geral. O retorno sobre os capitais próprios (ROE) do sector de TI é de 33,4 % e o retorno sobre os ativos (ROA) é de 20,1%, valores que comparam muito favoravelmente com os níveis dos mercados desenvolvidos de 15,2% e 2,0%, respectivamente. O que as métricas anteriormente apresentadas implicam é que as empresas de TI têm modelos de negócios muito lucrativos com uso eficiente de capital.
As principais empresas de TI na actualidade, beneficiam de fortes vantagens competitivas como barreiras à entrada, intangíveis e economias de escala que lhes permitem ter posições fortes em negócios com crescimento estrutural esperado para a presente década. Por esses motivos, o perfil de qualidade do sector deve justificar a actual avaliação em relação ao mercado.
Que tipo de fundos procurar agora?
Acompanhando a exuberância da Covid-19, e nas actuais condições monetárias mais restritivas, importa procurar fundos que invistam em empresas com modelos de negócio consistentes. O foco deve estar em estratégias de investimento que se concentrem em nomes sólidos que serão capazes de singrar nas condições actuais com impacto mínimo na sua trajectória de crescimento de longo prazo.
Quando voltarão os fundos de tecnologia a crescer?
Como disse Benjamin Graham, o mercado no curto prazo é uma voting machine, mas no longo prazo é uma weighing machine. Tendo isso em mente, existem vários factores que devem ser positivos para o desempenho accionista do sector de TI. Destacando-se: um possível pico nas taxas de inflacção, uma FED possivelmente menos agressiva, um dólar mais fraco, bem como alguma moderação de custos são factores que se podem tornar favoráveis ao sector no curto e médio prazo. No longo prazo os fundamentais estão intactos e deverão impulsionar o crescimento do capital investido no sector.