A divulgação da leitura de janeiro para o índice de preços no consumo nos EUA (quarta-feira) representa o destaque da próxima semana, tendo em conta o aumento das expectativas do mercado para a inflação e a evolução das yields na área do euro e nos EUA que tem sido visível nos mercados de dívida de governos. No momento em que escrevemos, o consenso espera um abrandamento face a dezembro para a taxa de variação homóloga do índice de preços no consumo depois de excluir alimentação e energia. Com a yield a 10 anos das obrigações do Tesouro dos EUA a continuar a aproximar-se do nível dos 3%, o mercado de futuros da fed funds rate encontra-se já muito próximo de incorporar a mediana das expectativas dos membros do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA para a fed funds rate em 2018 e 2019. No mesmo dia, em Portugal, o INE divulga a estimativa rápida para o crescimento do PIB durante o 4º trimestre de 2017.
Os spreads na periferia continuam a apresentar uma evolução favorável, não obstante a queda observada nos índices de ações (e indiferentes ao tema quanto ao provável final do programa APP do Banco Central Europeu no final de 2018), o que sugere uma menor dependência face à evolução do sentimento dos investidores. O mesmo tem sucedido inclusivamente com Itália, demostrando a expectativa em como das eleições legislativas de 4 de março não resultará uma deterioração da situação política no país. Este comportamento poderá reforçar a ideia do suporte fornecido pelo contexto macro positivo na região ou de uma situação política mais favorável à implementação de medidas para uma maior integração na Zona Euro (e menores limitações colocadas à política orçamental), como resulta do acordo alcançado na Alemanha e a entrega ao SPD dos importantes ministérios das finanças e dos negócios estrangeiros no próximo governo do país. De qualquer forma, o recente comportamento do crédito (via aumento do índice iTraxx Xover) ou mesmo dos spreads na área dos mercados emergentes representam motivos que justificam cautela para a evolução dos spreads na periferia no curto prazo.
Apesar desta evolução positiva dos spreads na periferia da área do euro, as yields de Portugal, Espanha e Itália têm registado uma subida, refletindo o contexto de yields nominais mais elevadas nos EUA e na Europa, num enquadramento macro favorável, e gradual normalização das políticas monetárias, como foi ontem relembrado após o final da reunião do Banco de Inglaterra. Este contexto poderá permanecer inalterado, provavelmente até que sejam divulgados dados desapontantes para a inflação ou a volatilidade nos índices de ações leve o Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA a adotar uma moderação na sua mensagem...
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